Gestante: o pré-natal é fundamental para garantir uma gestação saudável e um parto seguro!
96,4% das gestantes acompanhadas pela Pastoral da Criança fazem o pré-natal!* Das 73.208 gestantes cadastradas e visitadas mensalmente pelos líderes da Pastoral da Criança, quase todas compreenderam que fazer o Pré-Natal completo, com todas as consultas e exames, além de garantir uma gestação mais tranquila, pode fazer a diferença, em muitos casos, para salvar a vida da mãe e do bebê.
Programa de rádio Viva a Vida
1154 - 11/11/2013 - Pré-natal
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
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Saiba como a Pastoral da Criança acompanha as gestantes em diversas comunidades do Brasil: visita domiciliar; acompanhamento nutricional; orientação para o pré-natal e para aleitamento materno; e entrega das Cartelas Laços de Amor. Tudo isso e muito mais, ressaltando, sobretudo, a presença amiga e solidária do líder da Pastoral da Criança que não mede esforços para que as gestantes sejam bem atendidas no Serviço de Saúde e o bebê tenha garantido o seu direito de nascer bem.
* Dados: Sistema de Informação da Pastoral da Criança – 2º Trimestre/2013.
Entrevista
O pré-natal foi criado para proteger o bebê e a mãe durante a gravidez por meio de cuidados médicos, nutricionais, psicológicos e sociais. Com os exames médicos realizados no pré natal é possível identificar e reduzir muitos problemas de saúde que costumam atingir a mãe e seu bebê.
A enfermeira Regina Reinaldin da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança respondeu algumas perguntas:
SAIBA MAIS:
Exames que a gestante precisa fazer
Qual é a importância do pré-natal?
O pré-natal foi criado para proteger o bebê e a mãe. No pré-natal é possível descobrir e tratar algumas doenças que podem prejudicar a mãe e o bebê. A gestante tem direito a seis consultas. O médico irá perguntar sobre sua história familiar, fazer exame físico e pedir os exames de rotina. O médico vai orientar também sobre os sinais de risco, como identificar e o que fazer.
O que é feito normalmente numa consulta de pré-natal?
Na consulta, o médico vai verificar a pressão arterial da mulher, o peso e a altura. A partir da 13º semana, vai medir a altura uterina para saber como está o desenvolvimento do bebê. Conversar sobre as dúvidas da mulher, analisar os exames e explicar os resultados. Orientar também sobre a amamentação, alimentação, higiene, tanto dela quanto do bebê, e receitar algum remédio se necessário.
E quanto aos suplementos para gestante, o que você poderia dizer sobre isso?
Os suplementos são necessários. O ácido fólico deve ser tomado durante os 3 primeiros meses, deve ser uma dose diária e a quantidade recomendada pelo médico. O ácido previne a má formação congênita no bebê relacionada ao sistema nervoso. O ferro, também nos primeiros meses, e ao longo da gravidez para evitar que o bebê nasça com baixo peso.
Qual é a importância da presença de um acompanhante durante as consultas de pré-natal?
É muito importante. No caso do companheiro, ele vai se unir mais, o relacionamento vai ter uma estrutura melhor entre o homem e a mulher para partilhar este momento tão bonito que é a gravidez e também o parto.
Um dos maiores problemas que existe, é que muitas vezes a gestante vai a consulta, não entende bem as orientações do médico, mas não tem coragem de perguntar. Não tira suas dúvidas e não coloca em prática as orientações que recebe. O que é preciso fazer quanto a isso?
A gestante deve anotar todas as dúvidas que tem durante o dia-a-dia, para quando chegar no dia da consulta tirar todas as dúvidas. É importante que não saia do consultório sem entender as orientações do médico, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde.
Quando a gestante recebe as orientações e não coloca em prática por que alguém da família ou da vizinhança não concorda. A gestante fica entre duas informações e não sabe o que fazer, a quem deve ouvir?
A gestante deve sempre seguir as orientações do profissional da área da saúde. A avó vai falar uma coisa, a mãe vai falar outra coisa, a vizinha vem com outra orientação e as orientações do médico muitas vezes não são seguidas. É justamente as orientações do médico, que ele dá durante as consultas que a gestante deve seguir para ter uma gestação segura.
Por que ainda há gestantes que não fazem o pré-natal?
O acompanhamento pré-natal é essencial para garantir uma gestação saudável e um parto seguro. Além disso, também ajuda a esclarecer as dúvidas das futuras mães com relação as mudanças e transformações que ocorrem neste período. O Ministério da Saúde lançou, em 2000, o programa de humanização do pré-natal e nascimento (PHPN), com o objetivo de incentivar as gestantes a buscarem o Sistema Único de Saúde (SUS) e façam no mínimo seis consultas de pré-natal.
O pré-natal ideal consiste em pelo menos seis consultas mensais no período de gestação, mas é comum encontrar mães que não fazem exames e passam até os nove meses de gravidez sem fazer nenhum tipo de consulta médica. Isso coloca em risco a saúde dela e do filho.
O médico Hélio Franco, coordenador do Sindicato dos Médicos do Pará, estima que 65% das gestantes no estado do Pará não fazem o pré-natal, “temos mais de 140 mil gestantes por ano no Pará e somente 35% fazem o pré-natal adequado. A procura ainda é baixa e a qualidade, precária. É uma responsabilidade constitucional. Dos nascimentos do Estado, 30% são de adolescentes com grande parte de crianças com baixo peso e prematuros”.
Dados do Observatório em Iniquidades em Saúde da Fiocruz, mostram que a proporção de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal aumentou de 46,2% em 2000 para 58,8% em 2009. Dados do SINASC, apontam que em 2010, 60% das gestantes já estavam fazendo no mínimo sete consultas.
Um dos motivos apontados para a gestante não fazer o pré-natal é a falta de atenção e qualidade do profissional que lhe atende. “A qualidade do pré-natal tem a ver com a qualidade da consulta. Não é só examinar, simplesmente”, observa o obstetra José Cavalcante. “O pré-natal é medicina preventiva e exige um acompanhamento completo que, infelizmente, nem todos os municípios dispõem”, avalia.
SAIBA MAIS
A gestação nos últimos três meses
Riscos na gestação: como identificar
Dentre outros fatores apontados estão as adolescentes que escondem a gravidez e não procuram o Sistema de Saúde nos primeiros meses de gestação, as distâncias e dificuldade de deslocamento até a Unidade de Saúde e também a escolaridade materna.
A escolaridade materna tem sido relacionada ao uso e acesso do pré-natal. No Brasil, as mulheres com maior nível de escolaridade apresentam entre 2000 e 2009, maior proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas. Em 2009, a proporção de nascidos vivos com 7 ou mais consultas, de mulheres com 12 anos ou mais de escolaridade foi 42,8% maior do que as com até 3 anos de escolaridade.
Cadastro Nacional de gestantes de risco
Desde 2012, o governo federal criou um cadastro para as gestantes de risco, além do cadastro, está garantido um auxílio financeiro para o deslocamento destas gestantes às consultas pré-natal. A medida provisória assinada pela presidente Dilma Rousseff, cria um sistema de monitoramento universal das gestantes para a prevenção da mortalidade materna no país.
O auxílio financeiro concedido às gestantes de risco assistidas pelo SUS será de até R$ 50,00. O objetivo desse auxílio é garantir o acesso das gestantes as ações e serviços de saúde relacionadas ao pré-natal e ao parto. Caberá às secretarias municipais de saúde aderir formalmente à estratégia Rede Cegonha e, aos municípios, cadastrar as gestantes no Sistema Nacional de Cadastro da Gestante. A Caixa Econômica Federal será responsável pela liberação do benefício.
Como a Pastoral da Criança acompanha as gestantes
Os líderes da Pastoral da Criança visitam mensalmente as gestantes de suas comunidades. Durante as visitas, acompanham o desenvolvimento da gestação, identificam possíveis situações de perigo, além de conscientizar e preparar a gestante para o parto e para os cuidados com o bebê.
Conheça um pouco mais sobre como os líderes acompanham as gestantes:
O Acompanhamento da gestante é preciso quanto já tem outros filhos?
Sim, todas as gestantes precisam do acompanhamento líder, mesmo que já tenham outros filhos, porque uma gravidez é diferente da outra. Algumas mulheres, quando engravidam pela primeira vez, podem ficar encabuladas ou achar que fazer o pré-natal não é importante, pois estão se sentindo bem. Gestantes que já têm outros filhos podem achar que não é preciso fazer o pré-natal denovo. 1Mas é nesta hora que a dúvida vem e precisamos estas acompanhando ela para orientar sobre tudo.
Qual a ferramenta que a líder tem para orientar a gestante?
O Guia do líder, laços de amor, são os principais.
Como os Laços de Amor vão ajudar a gestante?
Laços de Amor é um conjunto de cartelas feitas para a gestante. Seu objetivo é melhorar o envolvimento da gestante e da família com a gravidez, mostrar as necessidades da gestante, do seu bebê e incentivar que ela faça o acompanhamento pré-natal.
Se a gestante não tem um companheiro, outra pessoa pode lhe acompanhar?
Algumas gestantes não têm companheiro podem precisar de mais ajuda, pois podem sentir falta de alguém para partilhar suas alegrias e dificuldades. Caso ela não tenha companheiro é importante alguém da família estar sempre com ela nas suas visitas para ajudar e ela se sentir segura e feliz.
Dra. Zilda Arns Neumann"A gestação é a fase mais importante que a gente pode imaginar. É muito importante que nesta fase as gestantes procurem o posto de saúde para fazerem o pré natal. É o direito que ela tem e um dever do estado. Vale a pena prevenir doenças e ter uma criança saudável bonita feliz graças a mãe que cuidou dela desde o começo da gestação.”
Papa Francisco“Fomos refeitos em Cristo! Aquilo que fez Cristo em nós é uma recriação: o sangue de Jesus recriou-nos. É uma segunda criação! Se antes toda a nossa vida, o nosso corpo, a nossa alma, os nossos hábitos estavam no caminho do pecado, da iniquidade, depois desta recriação devemos fazer o esforço de caminhar pelo caminho da justiça, da santificação. Utilizai esta palavra: a santidade. Todos nós fomos batizados: naquele momento, os nossos pais – nós eramos crianças – em nosso nome fizeram um ato de fé: Creio em Jesus Cristo, que nos perdoou os pecados. Creio em Jesus Cristo.” |
E se a gestante não quiser este acompanhamento da Pastoral da Criança?
Na primeira visita a uma família com gestante, o líder deve se apresentar, explicar como é o trabalho da Pastoral da Criança e perguntar se eles aceitam ser acompanhados.
Nas visitas seguintes, a família vai conhecendo melhor o trabalho e o líder também conhece o que a família faz para cuidar da gestante.
A cada visita, o líder e a família ficam mais amigos. A família vai se sentindo mais segura para falar sobre suas alegrias e dificuldades, pois sente que o líder é discreto e não comenta com outras famílias os problemas particulares de cada um.
Nas visitas, é preciso ouvir o que as pessoas da família têm a dizer e procurar ajudar com base nas necessidades delas, sempre respeitando o que pensam e acreditam. Assim, o líder torna-se um companheiro que caminha junto, que está sempre perto, para apoiar e orientar.
Porque falar de alimentação nas visitas domiciliares?
A gestante precisa de uma boa alimentação para se manter saudável e para que seu bebê possa se desenvolver e nascer com peso adequado. Gestante mal alimentada vai ter anemia e desnutrição na gravidez e o pode nascer com baixo peso. Na infância esta criança que nasceu baixo peso tem maior probabilidade de desenvolvimento de doenças e obesidade na idade adulta
A gestante tem direito ao acompanhante nas consultas e parto?
Sim, tem o direito, garantido pela lei 11.108, de 2005, de ser acompanhada por alguém de sua escolha.
Tem estudos científicos que comprovam que a inclusão de outras pessoas (companheiro, mãe, pai, amiga da gestante) à cena do parto melhora os indicadores perinatais, pois reduz a necessidade de cesariana, episiotomia (corte no períneo para aumentar a abertura da vagina), parto demorado, sofrimento fetal, desmame precoce e até depressão pós-parto.
Pastoral da Criança de Frederico Westphalen (RS) realiza ação com gestantes
Priorizando uma gravidez saudável e um parto seguro, a Pastoral da Criança da Diocese de Frederico Westphalen (RS), juntamente com a rede de saúde e em parceria com os acadêmicos do curso de enfermagem da Universidade Regional Integrada (URI), prepara mensalmente um encontro com o Grupo de Gestantes acompanhadas pela Pastoral da Criança.
Nesse encontro mensal as gestantes, sendo elas mães de primeira viagem ou mais experientes, recebem importantes informações de como viver bem essa importante fase da sua vida.
A gestante recebe orientações sobre a importância da realização de um bom pré-natal, a participação do pai e os direitos contidos na lei. “Isso poderá ajudá-la a exigir o tratamento digno a que todo cidadão tem direito e, assim, viver a sua maternidade com segurança, dignidade e conhecimento do que está acontecendo”, ressalta Patrícia Oliveira Santos, coordenadora de área. “Toda gestante deve ser atendida por uma equipe preparada e atenciosa. Pensando nisso a Pastoral da Criança agradece suas líderes e apoios, que mensalmente acompanham e orientam as gestantes e as famílias, levando uma mensagem de Fé, Vida e Esperança à todos”, completa Patrícia.
Laços de Amor transformam vida de gestante na Bahia
O município de Correntina (BA), no setor Bom Jesus da Lapa, preocupado em aumentar a sua abrangência, sistematicamente promove capacitação para novos líderes da Pastoral da Criança.
A líder Luzinete França da Silva concluiu sua capacitação recentemente e já começou acompanhar as famílias da sua comunidade. No seu acompanhamento com as gestantes ela sempre utiliza as informações do guia do líder e das cartelas “Laços de Amor” e pode verificar a eficácia desse instrumento na orientação da gestante.
“Ao terminar a capacitação no Guia do Líder, há pouco tempo, fui conversar com as gestantes do meu grupo sobre os “Laços de Amor”. Levei as cartelas para uma gestante que estava com depressão, porque não queria aceitar a gravidez de seu segundo filho. Procurei orientá-la e ao fazer a leitura dos “Laços de Amor” e deixar com ela a cartela correspondente ao período da sua gestação, o seu coração se transformou”, relata Luzinete.
Graças a orientação e dedicação da líder Luzinete, a gestante realizou o pré-natal, cuidou de sua saúde e da sua alimentação. Sua filha nasceu forte e saudável. “A menina já está com quatro meses de idade. Mãe e Filha estão muito contentes e, eu como líder senti o valor da minha missão em pequenos gestos”, se emociona Luzinete.