Tema: Lavar as mãos
O resultado de uma pesquisa para saber se as pessoas lavam as mãos antes de comer mostrou que cerca de 80% disseram que tinham o hábito. Mas ao serem perguntadas se elas acreditam que as outras realmente fazem isso, a resposta mostrou que de cada 3 pessoas, apenas 1 lava as mãos. Em relação à pergunta sobre ensinar essa prática às crianças, somente 2 em cada 10 pessoas responderam afirmativamente (pesquisa Hábito de Lavar as Mãos, Ibope, 2010).
Em algumas comunidades cerca de 80% das crianças tinham cloriformes fecais nas mãos. As pessoas de modo geral sabem que lavar as mãos após usar o banheiro, antes das refeições ou ao chegar em casa evita doenças. Mas, confessam que não lavam com frequência, e nem insistem para que as crianças lavem. Metade das mães disse que é cansativo lembrar as crianças sobre lavar as mãos todos os dias.
As mãos contaminadas podem provocar diarreias, vômitos e doenças como gripes, resfriados, hepatites e alguns tipos de meningite. Em certas situações, é preciso internar para curar. Em outras, a doença pode levar à morte. Além da contaminação em casa, a transmissão pode afetar muitas pessoas rapidamente nas creches, escolas e locais públicos. O germes são transmitidos para os outros pelo toque direto ou de objetos. A contaminação própria acontece por meio do toque nos olhos, no nariz, na boca ou um ferimento. Lavar as mãos é um gesto simples de cuidado conosco e com os outros.
Futuro melhor para as crianças
Lançado em 2008, o Dia Mundial de Lavar as Mãos, é comemorado no dia 15 de outubro. É um evento que acontece em diversos países. Envolve o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), governos, instituições internacionais, organizações da sociedades e empresas privadas. No Brasil a Pastoral da Criança e a Unilever atuam em conjunto para promover o hábito de lavar as mãos e construir o presente e um futuro melhor para nossas crianças.
Como foi comunicado no Jornal da Pastoral da Criança, edição de setembro de 2014, o ato de lavar as mãos precisa se transformar em hábito. A criança aprende a lavar as mãos com atividades divertidas, sem a necessidade usar o medo de doenças. Conta para este gesto falar de exemplos positivos, como o valor da água para fazer a higiene, o perfume bom do sabonete ou a diferença dos sabonetes coloridos. Os pais podem sugerir joguinhos para envolver as crianças e transformar o ato de lavar as mãos em um momento bom para a criança.
Os cuidados com a higiene precisam ser ensinados e repetidos com paciência para a criança. Como as pessoas não enxergam os germes nas mãos, elas tendem a pensar que estão limpas. Com isso, dispensam a lavagem. Mas as mãos limpas não estão tão limpas.
Com a contribuição das famílias, podemos evitar que milhares de crianças fiquem doentes. Use o dia 15 de outubro para reafirmar mais este compromisso com a vida.
O programa envolve desde a capacitação de líderes comunitários sobre o tema e visitas às comunidades, para promover jornadas de “lavar as mãos corretamente”, até a promoção de atividades recreativas não apenas para educar as crianças, mas também para gerar nelas um senso de comprometimento com a ação, para que elas consigam transformar o ato de lavar as mãos em um hábito diário e corriqueiro.
Entrevista com Clovis Boufleur, sobre o Dia Mundial de Lavar as Mãos:
Como a conscientização sobre o hábito de lavar as mãos ajuda a melhorar as condições de vida das crianças?
A palavra conscientização serve para descrever o momento em que a pessoa se dá conta de algo e assume a disposição de mudar. O desafio é mostrar para as crianças que existem germes minúsculos nas mãos, que precisam ser removidos. Uma maneira divertida é desenhar um bichinho na mão e dizer que ele sai toda vez que ela lavar as mãos. Com a repetição de lavar as mãos diariamente, a criança adquire o hábito. Os adultos têm muito mais resistências, dão desculpas e demoram mais para se conscientizar. O fato é que existe um jeito simples e barato para prevenir doenças como gripes, resfriados, conjuntivites, pneumonia e diarreias: lavar as mãos com água e sabão. Ao esfregar os dedos e as palmas com sabonete e água corrente, removemos a maioria dos germes que causam infecções. Com menos doenças, sobra mais tempo para a criança brincar, estudar e aprender. O adulto que cuida da saúde falta menos ao trabalho e pode dedicar mais tempo à família. Com as mãos limpas, evitamos transmitir doenças aos outros, uma demonstração de respeito pelas pessoas.
Quais são as principais mudanças na rotina das famílias motivadas pelas ações da campanha?
Muitos pais e avós deixam de ensinar as crianças sobre a higiene das mãos porque eles não desenvolverem o hábito de lavar as mãos. Neste caso, é preciso fazer um trabalho inverso. Podemos reforçar o hábito na criança para influenciar o costume dos adultos da família. Com a ajuda de entidades, como a Pastoral da Criança, e de escolas, por exemplo, mais crianças levam para as casas o conhecimento sobre o saudável hábito de lavar as mãos. Os pais devem ajudar a criança com o acesso à água, sabonete e toalha. O adulto, ao lavar as mãos junto com a criança, dá um bom exemplo e toda a família fica mais saudável.
De que maneira a parceria entre a Pastoral da Criança e Lifebuoy favorece a transformação social estimulada pela campanha?
Faço a comparação desta campanha com o hábito do uso do Soro Caseiro, uma das campanhas de sucesso da Pastoral da Criança. Ao longo de 30 anos, as famílias acompanhadas pelos líderes voluntários receberam a orientação de como preparar o soro em casa, com medidas de sal e açúcar. A campanha contou com apoio da sociedade, empresas, governos e meios de comunicação. Hoje, 92,7% das crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança que tiveram diarreia receberam soro caseiro para prevenir a desidratação. As famílias dominam essa tecnologia de saúde. O hábito de lavar as mãos é parecido. Ao entrar na rotina da família, previne as doenças.
Como avalia a evolução da campanha e suas conquistas?
A campanha foi lançada no mundo em 2008. Pastoral da Criança apoia a iniciativa desde a sua chegada ao Brasil, em 2010. A campanha tem uma data especial, 15 de outubro, que serve para orientar sobre a higiene das mãos nas famílias, serviços públicos e privados, todos os dias do ano. Nas cidades, as pessoas passam boa parte do seu tempo fora de casa. Nós dependemos cada vez mais da responsabilidade dos outros em relação à higiene, principalmente das mãos. A higiene deve ser um hábito em todas as classes sociais. Os maiores focos de doenças estão relacionados com a exposição a ambientes sujos, com lixo e esgoto a céu aberto, e em contato com animais. Junto com iniciativas do poder público para eliminar estes focos, o hábito de lavar as mãos pode reduzir pela metade o número de pessoas com doenças infecciosas, especialmente em crianças.