Tema: Pais separados
Foto: StockSnap
A separação é um processo delicado para o casal e para as crianças. Devemos lembrar que os pequenos absorvem todas as emoções a sua volta, percebem a alegria, a tristeza, a ansiedade e a insegurança, por esse motivo é necessário cuidar e preservar o bem estar físico e emocional dos filhos.
Para que as crianças cresçam em um ambiente harmonioso, seguro e tranquilo após a separação de seus pais, conversamos com o educador, psicólogo, escritor e palestrante, Prof. Marcos Meier, com a articuladora nos conselhos e fóruns de direitos da criança e do adolescente, a Maristela Cizeski e com a Irmã Veroni Medeiros, assessora técnica de desenvolvimento infantil da Pastoral da Criança.
Professor Marcos Meier, em caso de pais separados, como fica a relação pais e filhos?
Marcos Meier
A dica para os pais é tentar manter uma rotina. Por exemplo, todo sábado ou todo domingo você fica com o teu filho, vai visitá-lo. Se acontecer um imprevisto e não der certo nessa semana, você deve ir na outra. Aproveite esse tempo com o seu filho para brincar, conversar, bater papo, sair para fazer um passeio ou curtir o dia com ele em casa. Se a criança usar esse momento para jogar videogame, não precisa dar bronca ou ficar bravo, vai lá e pede para jogar junto, para ela te ensinar. A interação com o seu filho deve ser muito boa, mesmo que vocês não morem mais juntos.
Devemos sempre cuidar para não falar mal da mãe ou do pai. Porque, quando o pai fala mal da mãe e vice e versa, se destrói a imagem materna ou paterna e mais tarde, essa criança vai ter dificuldade em receber e dar carinho e até mesmo, se tornar mais agressiva. Então, é preciso ter cuidado com essas coisas.
O que fazer quando o novo companheiro ou companheira tem dificuldades de aceitar os filhos do relacionamento anterior?
Infelizmente, esses são casos bem comuns e vale muito a pena falarmos sobre eles. Temos de ter sempre em mente que agora você é padrasto ou a madrasta e tem responsabilidades sobre essas crianças e deverá equilibrar a balança com afeto e autoridade.
É claro que você não vai passar por cima da autoridade da mãe ou do pai biológico. Mas, se você vive naquela casa e no dia a dia você tem contato com aquela criança, você tem mais responsabilidade em relação ao afeto e a autoridade do que o pai ou a mãe biológico(a). Assim, você passa a ser um pai/mãe de verdade. Lembre-se que também não tem problema se a criança não te chamar de pai/mãe. Deixe ela te chama de tio(a), de senhor ou senhora ou até pelo seu próprio nome, por exemplo: “Marcos, posso fazer isso, posso fazer aquilo”. Mas, você deve conversar com ela como se você fosse pai/mãe. Sem obrigar ela a falar isso. Mais tarde, essa criança vai perceber o quanto você foi legal na vida dela e vai ser muito grata.
Maristela Cizeski
Muitos casais que estão se divorciando, ficam receosos quanto ao relacionamento com as crianças depois da separação e desejam entender mais sobre a guarda compartilhada que desde 2014 é regra no Brasil. Sobre isso, conversamos com articuladora nos conselhos e fóruns de direitos da criança e do adolescente, a Maristela Cizeski.
A guarda compartilhada é aquela que envolve presença constante do pai e da mãe. O próprio nome já diz que ela é compartilhada e isso significa que a criança não é filha só do pai ou só da mãe, ela é filha dos dois, do casal seja ele hetero ou homoafetivo. O casal se separa, a criança não. Então, existe essa guarda que é compartilhada com os responsáveis, tanto no amor, na dor, quanto em todos os aspectos da criança e isso promove o desenvolvimento da criança e do adolescente.
Irmã Veroni Medeiros
Participa também do programa, a assessora técnica do desenvolvimento infantil da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança. Ir. Veroni Medeiros, como os pais ainda que separados podem ser bons pais?
A separação não impede que os dois continuem a ser bons pais para a criança. Na separação do casal, eles não se ocupam mais um do outro, mas continuam a se ocupar dos filhos, na educação, no afeto e nos limites, para que as crianças cresçam com autonomia, segurança e equilíbrio emocional. Sabemos que podem existir ex-marido, ex-mulher, ex-sogra, ex-cunhada e afins, mas, nunca existirá ex-filho. O filho é para sempre e você vai ser sempre pai ou mãe.
Leia a entrevista na Ìntegra: 1356 - Entrevista com Marcos Meier, Maristela Cizeski e Irmã Veroni - Pais separados e as crianças (.PDF)
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra:
1356 - Pais separados e a criança (SUL)
1356 - Pais separados e a criança (NORTE)