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Uma das expressões mais bonitas para definir a Terra como ambiente para acolher a vida e a presença humana é “casa comum”, expressão essa que brotou do coração e da mente de Papa Francisco. 

Um dia desses, enquanto estava aguardando a minha vez para fazer uma consulta, uma senhora me contava que, após muita espera, chegou um casal de gêmeos para a alegria dela e de toda a família. Quando as crianças alcançaram a idade de cinco anos, ela teve um sério problema na coluna e as crianças foram colocadas a par e começaram a assumir pequenas tarefas de casa. Agora já com quase oito anos, espontaneamente precedem a necessidade da mãe e a poupam para que não faça esforço. Ela dizia que a iniciativa das crianças é tamanha que, quem visita a família, fica admirado em ver a solicitude delas em relação à mãe e aos cuidados com a casa. É assim também com a Terra, nossa mãe, “casa comum”: todos podemos e devemos colaborar.

Papa Francisco decidiu instituir o "Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação”, que será celebrado todos os anos no dia 1°de setembro, assim como acontece há tempos na Igreja Ortodoxa. É evidente que esta iniciativa tem um grande valor ecumênico, sendo o resultado de iniciativas já assumidas por outras Igrejas em várias partes do mundo.

Mas como a Terra não é a "casa comum” só dos católicos, nem só dos fieis de outras denominações cristãs, mas de todos os homens e mulheres, Francisco não hesita em afirmar: “Todos podemos colaborar, como instrumentos de Deus, no cuidado da criação, cada um a partir da sua cultura, experiência, iniciativas e capacidades” (Laudato si nº 14). Sim, TODOS, porque trata-se da “casa comum”, da nossa casa!

Podemos afirmar, então, que o convite a cuidar da “casa comum” não é mais apenas ecumênico, mas também inter-religioso e, mais ainda, que ele está aberto a todos os homens e mulheres de boa vontade, pois é só com o esforço de todos que será possível salvar o planeta! Trata-se de uma vocação planetária à unidade para salvar o que é comum a todos!

Como seguidores de Cristo, contudo, temos uma responsabilidade a mais, pois somos chamados a ver, com os olhos da fé, a beleza do plano da salvação de Deus, isto é: a ligação entre o ambiente natural e a dignidade de cada pessoa humana. O homem e a mulher, criados à imagem e semelhança de Deus, têm a missão de cuidar da sua obra. Como administradores da criação, somos chamados a fazer da Terra um belíssimo jardim para a família humana. Quando destruímos as nossas florestas, devastamos o solo e poluímos os mares, traímos esta nobre vocação.

Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Piraí - Volta Redonda (RJ) e representante da
Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB

 

*Este texto foi publicado na quinta edição da Revista Pastoral da Criança.