Foto: Boa Esperança - MG
Há dois anos, o novembro é diferente em Boa Esperança, Minas Gerais. Ele é azul. Desde 2014, um grupo de representantes de entidades, conselhos e secretarias do município se destacam ao organizar uma ação para chamar a atenção para a saúde do homem, em especial para o câncer de próstata. E esclarecer a importância de cuidar da saúde masculina é o principal desafio do grupo. “O homem não aceita [falar sobre], é machismo”, afirma Maria Aparecida Silva Vieira, coordenadora da Pastoral da Criança na Paróquia Nossa Senhora das Dores, e representante da entidade no Conselho de Saúde e no Conselho da Mulher do município.
A experiência mostrou quanto os homens são fechados e não gostam de expor duas fragilidades, estampando até mesmo um preconceito ao tratar do tema. Segundo a voluntária, o primeiro passo é explicar como é o processo, e que o primeiro exame a ser feito, normalmente, é o de sangue. “Eles têm dificuldade pra aceitar, mas a gente vai conversando, mostrando o que é certo e o que é errado”, ensina. Médicos participam junto da ação e, se necessário, no local mesmo os participantes já são encaminhados para marcar os exames. Para Maria, esse tipo de ação é vital. “O homem é mais acomodado que a mulher”, opina.
Urologista: questão de necessidade
O receio de ir ao médico faz com que a maioria dos homens brasileiros, 51%, não visite o profissional regularmente, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Enquanto o medo permanece, 69 mil novos casos de câncer de próstata, conforme estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), podem ter surgido em 2014. Este é o segundo tipo de tumor que mais mata homens. O mais grave é que, se descoberto ainda no início, a chance de cura é de 90%, segundo dados do INCA.
Dra. Zilda
“O pai também exerce papel importante para que a criança seja criada num ambiente de amor e fraternidade; precisamos escutá-lo e motivá-lo a abraçar essa sua missão”.
Papa Francisco
“Tratemos de construir uma sociedade e uma economia na qual o homem e seu bem, e não o dinheiro, sejam o centro”.
A grande questão é que, como os homens não vão ao médico, muitos só descobrem a doença quando ela começa a dar sinais, o que normalmente acontece quando ela já está em estágio avançado. Para evitar que isso aconteça, a SBU recomenda que homens a partir dos 50 anos façam o exame anualmente. Homens que estão dentro do grupo de risco (negros e pessoas que têm familiares de primeiro grau que tiveram a doença) devem procurar um urologista a partir dos 45 anos.
Segundo Maria Aparecida, mesmo com tão pouco tempo de ação, já é possível perceber a diferença. “Deu bastante resultado, porque estava muitos casos de câncer de próstata aqui”, conta. Além da ação específica em novembro, as líderes da Pastoral da Criança de Boa Esperança estão levando a informação às famílias visitadas também.
Saiba mais
Assim como acontece durante o Novembro Azul, a aproximação é feita aos poucos, ganhando a confiança dos pais. “Começamos falando da saúde da mulher, da criança, e aí já falamos da saúde deles”, ensina. Ela afirma que este é um dos motivos para que suas visitas mensais sejam aos fins de semana, “quando está todo mundo em casa”.
A confiança no trabalho das líderes é tanta, que houve uma situação em que a família buscou a ajuda delas para identificar um possível caso de câncer de próstata, que foi confirmado na sequência. “Ele foi encaminhado para Varginha, fez a cirurgia e já está bem”, relata a líder, contente por ter colaborado com mais uma família.