cpf incomodo nos bebesFebre, cólica, alergias. Os incômodos dos bebês são facilmente detectados. Até quem não é pai ou mãe conhece os principais causadores de mal-estar nos pequenos. E mesmo depois de “crescidos”, esses desconfortos continuam a aparecer. Mas quais são os principais incômodos encontrados pelas líderes durantes as visitas? “Cólica, cólica e mais cólica”, aponta facilmente, Marlene Aparecida de Antonio Zamoner, líder e coordenadora paroquial da Pastoral da Criança em Sertãozinho, estado de São Paulo.

A associação entre o mal-estar da criança e a alimentação das mães é comum entre os líderes. A dificuldade encontrada é convencer as mães sobre a importância da amamentação exclusiva até os seis meses e sobre o impacto da alimentação delas na saúde do bebê. “Aconselho sempre as mães a não comerem certas coisas porque vai para o bebê através da amamentação. Este é um dos motivos das cólicas”, aponta Lucidalva Camelo, coordenadora da Pastoral da Criança na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Aliança, Pernambuco.

A nutricionista da coordenação nacional da Pastoral da Criança, Paula Pizzatto, afirma que a alimentação pode não ser o único motivo. “Não há estudo definitivo que comprove a relação entre a alimentação da mãe e as cólicas. Mas se a mãe percebe a relação, é bom evitar o alimento e observar se o desconforto do bebê desaparece”, analisa.

Amamentação exclusiva: o alimento certo

Dra. Zilda

“A natureza é tão sábia que fez o leite de peito, que deve ser a alimentação exclusiva nos seis primeiros meses, porque ele defende a criança de muitas doenças e alergias”.

Papa Francisco

“Faça o bem a todos, em especial aos excluídos, pobres, enfermos e às crianças”.

E se a alimentação da mãe pode trazer alguns incômodos à criança, imagine dar alimentos além do leite materno para o bebê antes que seu organismo esteja preparado. Por isso, segundo Marlene, é importante observar a família e orientar as mães. “Eu já encontrei um bebê de dois meses com diarreia. Isso aconteceu porque tinham dado comida a ele”, conta.

O leite processado, receitado por alguns médicos, tem causado preocupação entre os líderes de Graça, no Ceará. Francisco Antônio da Silva Ribeiro, o Dhóya, líder há 20 anos na Paróquia Nossa Senhora das Graças, conta que tem encontrado muita resistência das mães em dar apenas o leite materno até os seis meses. “[Elas são] influenciadas pela mídia”, aponta.

A substituição do leite materno pelo industrializado pode resultar em várias doenças, como as “ites”: otite, rinite, amigdalite, entre outras. Isso acontece com o leite industrializado porque o corpo da criança ainda não consegue processar a proteína do alimento – inexistente no leite materno. Com isso, ao longo do tempo, além das ites, ela pode ter alergia, apresentar muco nas fezes e excesso de gases, o que poderá causar a cólica, segundo a nutricionista.

Além do desconforto aos pequenos, substituir o leite materno pode prejudicar também a mãe. Dhóya afirma que nesses casos, acabam encontrando “mães com mamas com ingurgitamento, febre e seios pedrados”. Isso acontece porque o corpo da mulher continua produzindo o alimento necessário para o bebê, mas como ele não mama o suficiente, o seio fica cheio e “empedra”, dificultando inclusive a saída do leite quando a mãe oferece o peito, afetando a mãe e a criança, que se irrita por não conseguir mamar.

Alergias

Além das alergias alimentares, outro problema apresentado são as alergias respiratórias. E são nos meses de inverno e primavera quando elas mais aparecem. Eunice Koga Carvalho, líder da Pastoral da Criança em Taubaté, estado de São Paulo, conta que esse foi o tema de uma roda de conversa com os pais. Uma farmacêutica participou e orientou as mães no cuidado com os medicamentos oferecidos às crianças. “O organismo da criança difere uma da outra, e [o uso de medicamentos indequados] pode levar a graves problemas”, relata.

Na conversa, as mães foram alertadas ainda sobre a alergias a roupas do bebê, “pois, dependendo dos tecidos, como lã ou sintéticos, podem causar alergias”, lembra a líder, além de alimentos e picadas de inseto. Em todos os casos, a orientação é a mesma: é preciso ter cuidado e atenção quando a criança apresenta qualquer anormalidade, e em caso de dúvidas, levar ao médico é a melhor saída.

Foto: André Porto