Olá, líderes:

Neste mês, vamos conversar sobre um indicador que temos no Caderno do Líder e na FABS. Esse indicador sempre traz preocupação a vocês. Ele está nas perguntas 11 e 12 que falam sobre Diarreia .

Na prática, os adultos e o médico pensam em diarreia quando a pessoa evacua mais vezes que o habitual e suas fezes (cocô) são sem forma pastosa ou líquida. Segundo o Ministério da Saúde, é diarreia quando a pessoa, criança ou adulto, apresenta estas fezes mais de três vezes ao dia.

Uma das piores complicações da diarreia é a desidratação. Adultos são mais resistentes, mas bebês, crianças e idosos ficam desidratados com mais facilidade. Boca seca, lábios rachados, moleza, confusão mental e diminuição da urina são sintomas de desidratação. Pessoas desidratadas ficam com menos reserva de água no corpo, o qual é constituído por cerca de 75% de água, e isso reduz os níveis de dois importantes minerais: sódio e potássio. Por isso, a Pastoral da Criança orienta nossos líderes que já na primeira evacuação líquida é preciso dar o soro caseiro, para evitar a desidratação.

Algumas situações são consideradas de risco para o aumento da presença de diarreia:

1. crianças menores de 5 anos, principalmente os lactentes (bebês que mamam);
2. desnutrição;
3. populações moradoras em áreas de risco;
4. áreas sem saneamento básico e moradias insalubres.

Tipos de diarreia

a) Diarreia comum: caracteriza-se, normalmente, por provocar apenas fezes soltas e aguadas. Ocorre mais em crianças. Pode estar associada a uma combinação de estresse, remédios e alimentos. Por exemplo, excesso de gorduras, de cafeína, mudança do tipo de água ingerida ou mesmo ansiedade diante de acontecimentos importantes podem provocar esse tipo de diarreia.
Mais de 200 tipos de germes, entre vírus, bactérias e parasitas podem causar quadros de diarreia por intoxicação alimentar. A diarreia pode ser causada pelo próprio germe ou por toxinas produzidas pelo mesmo. Quanto maior a concentração de toxinas ou micróbios, maior é a chance destes vencerem a acidez do estômago e alcançarem os intestinos. Algumas toxinas, após sua produção, não são destruídas no cozimento. Por isso, o armazenamento de alimentos deve ser feito de modo correto, antes e depois da preparação.

b) Diarreia infecciosa: comum em crianças, provoca, além dos sintomas da diarreia comum, febre, perda de energia e de apetite. É causada por viroses e bactérias. Se não for convenientemente tratada, pode demorar até uma semana para os sintomas desaparecerem.

c) Amebíase: pode ocasionar desde leve dor de estômago e flatulência (soltar puns) até febre, prisão de ventre, debilidade física e fezes aguadas com manchas de sangue. É causada por um protozoário que invade o sistema gastro-intestinal, transportado por água ou comida contaminada. Infecção típica dos trópicos, manifesta-se também nos habitantes de regiões de clima temperado.

d) Giardíase: causada pela giárdia, um protozoário, seus sintomas variam da simples dor estomacal à diarreia persistente ou à presença de fezes pastosas. Outros sintomas também podem aparecer: desconforto abdominal, eructação (arroto), dor de cabeça e fadiga. A giárdia se espalha no aparelho digestivo através da ingestão de água e alimentos contaminados. Também pode ser transmitida por relações sexuais ou por excrementos.

e) Intolerância à lactose: algumas pessoas não conseguem digerir a lactose, que é o açúcar encontrado no leite e seus derivados, porque não produzem uma enzima chamada lactase. Entre seus sintomas, destacam-se tanto a diarreia quanto a prisão de ventre, desarranjos estomacais e gases.

f) Diarreia crônica­: toda diarreia com mais de duas semanas de evolução deve levantar suspeitas sobre alguma doença do trato intestinal que não tenha origem em uma intoxicação alimentar. Diarreias com mais de um mês de evolução são consideradas diarreias crônicas e devem sempre ser investigadas.

Recomendações:

• Preparar soro caseiro e beber várias vezes ao dia: ­ 2 colheres medida de açúcar, 1 colher medida de sal em um copo de 200ml de água limpa.
• Beber muito líquido, de 2 a 3 litros por dia.
• Não deixe de comer. Em geral, pessoas com diarreia associam comida às fezes moles e ao mal-estar nos intestinos e suspendem toda a alimentação. Tal medida, além de agravar o quadro de desidratação, suspende o fornecimento dos nutrientes necessários para o organismo reagir. Prefira ingerir arroz, batatas, sopa de carne magra (de vaca ou de frango), bananas, maçãs e torradas. Esses alimentos dão mais consistência às fezes e a banana, especialmente, é rica em potássio.
• Chás de camomila, erva­ doce e hortelã, por exemplo, podem ajudar.
• Suspender a ingestão de alimentos crus: saladas, bagaço de frutas e fibras.
• Evitar café, leite, sucos de frutas e álcool, que é um desidratante poderoso.
•Evitar alimentos muito temperados ou com alto teor de gordura (frituras, alguns cortes de carne, embutidos, etc.) até que as fezes voltem ao normal.
• Não se esqueça de lavar bem as mãos várias vezes ao dia e, especialmente, antes das refeições e após ir ao banheiro.
• Não deixe de ferver a água de rios, lagos, riachos ou mesmo a de torneiras nos locais em que não seja tratada, se tiver necessidade de bebê­-la.
• Não beba refrigerantes ou outra bebida qualquer no próprio vasilhame. Use um copo limpo.
• Faça gelo com água tratada ou fervida.
• Evite consumir leite se tiver intolerância à lactose.
• Caso a criança faça uso de mamadeira ou chupetas (o que não é recomendado pela Pastoral da Criança) é necessário cuidados especiais com a higiene destes utensílios.

OK sorocaseiro frente 2014 01-01

Advertência:

Não se descuide e oriente os pais ou responsáveis para procurar assistência médica imediatamente se a criança apresentar:

• Febre alta, normalmente maior que 38,5 ºC
• Diarreia severa, que não melhora após 48, ­ 72 horas
• Desidratação
• Diarreia com sangue
• Diarreia por mais de duas semanas
• Diarreia em pacientes idosos e/ou imunossuprimidos
• Crianças que recusam hidratação ou alimentação durante a diarreia.

Pelo que pudemos ver, a diarreia é muito mais comum do que imaginávamos. Como será que estamos perguntando ou orientando nossas mãezinhas, pais ou responsáveis , sobre diarreia?

Não queremos que todas as crianças tenham diarreia, mas em um grupo de 20 crianças alguma deve ter tido um coco mais aguado e várias vezes pelo menos um dia.

Observamos que em algumas comunidades que participaram da Campanha do Lavar as Mãos, de 2013, onde ocorreu a prática da lavagem correta das mãos, o número de crianças com diarreia nesse período aumentou. Nossa pergunta é: fizemos as perguntas de forma correta ou para não termos amplitude anormal colocamos mais diarreia do que realmente aconteceu?

As informações devem ser o mais corretas possíveis para que possamos analisar com precisão nossos indicadores.

No dia 15 de outubro de 2014, haverá o Dia Mundial de Lavar as Mãos. Aproveite para mobilizar a comunidade para despertar esse hábito de higiene nas crianças e suas famílias.

Como sugestão, utilizem o Dia da Celebração da Vida no decorrer do segundo semestre para a prática do Lavar as Mãos.

Até o próximo mês.

Thereza Kaiser Baptista
Assistente Técnica da Pastoral da Criança

Fonte: http://drauziovarella.com.br/letras/d/diarreia
http://www.mdsaude.com/2009/02/diarreia