Para que todos tenham vida Jesus chamou os discípulos não para ficar com ele, mas os enviou para o mundo, para fazer o que ele fazia. Continua urgente e necessário fazer missão. "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (João 10,10). Esta foi a missão de Jesus: revelar o Reino de Deus e que Deus é misericórdia incontestável. Muita gente havia esquecido disso. Essa é ainda sua missão; é o que Cristo está fazendo através do Espirito Santo, e nós estamos chamados a tomar parte nesta obra de Deus: conduzindo, cuidando e colaborando para a restauração da vida.

Para realizar essa tarefa e mostrarmos o caminho, assim como para que a humanidade pudesse participar nela, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João, 1,14). Essencialmente, esta é a forma de descrever o conteúdo e o método da missão. Agora sim, é preciso perguntar-se: o que significa isto? Que significa fazer missão em nossos contextos? O que arde em nosso coração que nos movimenta para o trabalho que fazemos enquanto Pastoral da Criança pelo Brasil?

Isto é o desafio primordial, continuar fazendo o que as lideranças da Pastoral da Criança fazem com tanto carinho e diligência. Não basta falar na linguagem tradicional da missão - proclamar simplesmente a salvação em Cristo através do poder do Espírito Santo. Temos que "encarnar" essas afirmações, assinalando o que significa possibilitar a plenitude da vida às pessoas reais em situações específicas e concretas.

Por que tipo de vida trabalhamos e alimentamos como sonho? Como se busca, se recebe e se comparte essa vida? Nunca se pode dar uma resposta em termos abstratos. Em primeiro lugar, devemos estar ali. Assim como Deus, devemos sempre tomar a iniciativa de ir ao encontro, caminhar junto, escutar (Lc 24,13-35). Não podemos saber o que isto significa até que não vamos até o povo, estamos com ele, lhes escutarmos e aprendermos o sentido que tem falar da vida que Jesus quer para ele.

Vemos, pois, que nossa perspectiva procede de nossa experiência prática e é constantemente revisada por ela.

O testemunho das escrituras nos mostra muito claramente que Jesus nos ensinou que a missão não consiste tanto no que dizemos, mas no que fazemos. "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mat.7,16). "Nem todo aquele que me diz "Senhor, Senhor" entrará no reino dos céus, mas aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus" (Mt.7,21). A Igreja apostólica destacou esta característica fundamental da vida cristã: "Sejam praticantes da Palavra" (Tiago, 1,22). Tudo que não seja conforme a estes princípios é um pseudo-evangelho, o trágico engano de uma "fé intelectual apenas".

A missão é a ação de Cristo e a ação de Cristo é uma ação de amor. O amor é o elemento central da missão. "E se tivesse a profecia e entendesse todos os mistérios e toda a ciência, e se tivesse toda a fé, de tal maneira que transladasse os montes, e não tiver amor, nada sou" (1 Cor.13,2).

O mandato do Novo Testamento de proclamar o Evangelho deve entender-se no contexto da prática desta verdade. Quando Paulo disse que havia sido enviado a "pregar o Evangelho (1 Cor. 1,17), fala a partir de sua experiência e prática de levar a cruz, de caminhar ao lado de Jesus. Convido a todas/os vocês a meditarem o Salmo 146 (145). Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.