A Comunidade é o lugar da festa e do perdão. Esse é o título de um livro já antigo escrito por um amigo querido chamado Vanin. A comunidade – uma comum unidade – deve ser uma parábola do Reino, uma expressão viva da presença de Jesus, o Cristo, entre nós. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome ali estarei” já nos lembra o Evangelho. A comunidade é o primeiro sinal, sacramento, da presença viva da Revelação de Deus que é misericórdia incondicional e amante eterno.

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Ele nos ama sem condições. Santo Agostinho lembra que se procuramos a Deus é porque Ele nos procurou primeiro.
Vale a pena lembrar e reler os três primeiros capítulos do Livro do Profeta Oséias. Acho que em algum artigo já pedi isso a vocês. É um texto forte e cheio de metáforas para lembrar ao povo quem é Deus e do que Ele é capaz, por amor.
Infelizmente, por algum tempo a Igreja/comunidade acabou sendo confundida com o próprio Reino. Isso deu alguns atrapalhos para a gente compreender e viver bem a exigência evangélica de sermos testemunhas para o mundo e não somente para a gente mesmo da Palavra de Deus e de sua vontade para toda a humanidade. Como bem lembra a Constituição Dogmática “Sacrossanctum Concilium”, sobre a Liturgia, “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (ITm 2,4). Por homens aqui, obviamente entendemos “toda a humanidade” (é sempre bom lembrar a regra do gênero) e por “verdade” aqui estamos falando do próprio Jesus, que é a verdade em absoluto. Ele é a verdade, não uma doutrina.
Por isso, a comunidade é tão importante e estruturante no nosso caminho de fé e de membros da Igreja de Jesus. Fazemos parte do corpo de Cristo, conforme 1 Coríntios 12 e Romanos 12. Vale a pena ler de novo! E por isso não podemos nos conformar com esse mundo, mas transformá-lo (Rm 12,1-2).
Fazer parte de um grupo e de uma comunidade cristã é da identidade nossa. A comunidade nos ajuda a entendermos melhor a Palavra de Deus, que escutamos da comunidade mesmo e que estudamos e escutamos da Bíblia. Ela ajuda a manter os irmãos e irmãs no caminho certo e, na correção fraterna, mostrar que amamos uns aos outros como a nós mesmos. Quem sabe precisamos ainda de um trabalho maior dentro da comunidade para nos darmos conta de quão importante e transformador ela é em nossas vidas e o quanto precisamos nos dedicar para que a comunidade seja, de fato, um lugar onde a gente possa ser transformado pelo poder do amor, desafiados pela exigência ética do Evangelho de fazer do mundo um lugar divino (assim na Terra como no Céu – lembram do Pai Nosso) e expressar uns para os outros o amor incondicional de Deus que é Conosco sempre.
Na comunidade o sofrimento ganha sentido e ganha lugar para ser tratado e amenizado. Olhando para o sofrimento que muita gente tem passado e para o sofrimento que ser cristão provoca, nos damos conta de que Deus não quer que soframos, Deus quer que sejamos misericordiosos para que os sofrimentos sejam amenizados ou até mesmo erradicados. Por isso, na nossa tradição cristã, um aspecto fundamental da espiritualidade é a hospitalidade, a Igreja é um Hospital para ser lugar de recuperação, de transformação, revitalização e escola de cuidado.
Cuidar é o chamado de Deus para nosso trabalho ministerial no mundo e para que nós mesmos possamos estar bem para continuar no caminho. Em nosso trabalho, especialmente para quem trabalha com catequese ou estudo bíblico, é urgente ajudar as pessoas a serem mais cuidadoras e ensinar a nós mesmos que todas nós precisamos de cuidado.
Que Deus nos abençoe e guie sempre.