Quem de vocês já não se deparou com alguém que abandonou a missão ou um trabalho voluntário por mágoa, por estar aborrecido com as críticas recebidas ou por estar cansado de tantas cobranças ou ainda por não ver valorizado seus esforços? Com certeza, conhecemos alguém assim. Essa situação pode nos ensinar muito e nos ajudar a refletir sobre nosso próprio comportamento com relação às pessoas e ao trabalho que desenvolvemos. Sempre é tempo de mudar. A própria Dra. Zilda Arns nos deixou uma lição sobre isso.
Certa vez, a Dra. Zilda contou que, em uma de suas viagens, encontrou-se com as lideranças de uma comunidade e perguntou sobre os materiais educativos elaborados pela Coordenação Nacional e enviado para as bases. Ela queria saber a opinião dos líderes e se esses materiais estavam ajudando no trabalho deles. Foi aí que ela tomou conhecimento que muitos materiais educativos, especialmente os vídeos, eram desconhecido daqueles líderes. Perguntou para a coordenadora porque isso acontecia e descobriu que, por receio de estragar o material, ela trancava os jornais, vídeos, programas de rádio e livros em um baú.
A Dra. Zilda ficou intrigada com esta história e chamou a atenção da coordenadora, dizendo que o material era para ser usado e que se estragasse por excesso de uso seria até um bom sinal, sinal de que muitos tinham recebido as orientações ali contidas. Depois disso, a Dra. Zilda refletiu para entender porque isso acontecia. Viu que o zelo da coordenação local pelos materiais estava relacionado com o medo de alguém cobrar o material depois e ele não estar mais ali, em perfeitas condições. A Dra. Zilda percebeu que havia uma falha de comunicação entre as pessoas. O material que foi produzido para ser oferecido para as lideranças e para as famílias da comunidade não foi recebido para ser guardado, como se as pessoas não precisassem saber da informação que ali estava. Ao perceber que a coordenadora ficou magoada, a Dra. Zilda conversou com ela e compreendeu uma segunda lição. As coordenações precisavam de uma segunda chance para corrigir o erro. E uma maneira de animar esta coordenadora foi elogiar o que de bom ela tinha feito e explicar como ela podia espalhar o material educativo entre os líderes e na comunidade e como também podia divulgar seus conteúdos, sem preocupações.
A partir desta lição, na visita a outras comunidades, a Dra. Zilda começou por elogiar primeiro e ver o lado mais positivo das coordenações. As cobranças aconteciam, mas eram feitas de tal maneira que serviam de apoio para melhorar e expandir o trabalho nas comunidades e para aumentar nas coordenações e lideranças o amor pela Pastoral da Criança. Clóvis Boufler