No último dia 16 de outubro de 2011, o Papa Bento XVI anunciou a sua decisão de proclamar um “Ano da Fé”, que terá início em 11 de outubro de 2012, no 50º aniversário da inauguração do Concílio Vaticano II, e terminará no dia 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei do Universo.
Caminhando para esse grande acontecimento eclesial que, no dizer do Santo Padre, “será um momento de graça e de compromisso para uma conversão a Deus cada vez mais completa, para fortalecer a nossa fé n’Ele e para O anunciar com alegria ao homem do nosso tempo” (Homilia na Santa Missa de 16-11-2011).
Vamos fazer algumas considerações que nos levem a viver com intensidade esse tempo de graça e conversão, a começar por nós, para toda a Igreja! De forma resumida, o Papa Bento XVI, na sua Carta Apostólica “Porta fidei”, nos faz vislumbrar a grandeza da fé da Virgem: “Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência de sua dedicação (cf. Lc 1,38). Ao visitar Isabel, elevou seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a ele se confiavam (cf. Lc 1,46-55).
Maria é também aquela que gesta a fé e a desperta no coração daqueles que se encontra. O próprio evangelista João, ao relatar o milagre nas núpcias em Caná da Galiléia, nos fala do papel de Maria: aquela por quem o Seu Filho realiza o primeiro dos sinais, pelo qual “manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele” (Jo 2,11). O exemplo de Maria é um convite para que, não só individualmente, mas toda a Igreja se coloque à escuta da Palavra de Deus. A Palavra de Deus alimenta, e ao mesmo tempo, modela a Igreja, como fez com Maria. Na Exortação Apostólica “Verbum Domini”, o Papa diz que “a Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela.” (n.3). É sempre na escuta e no confronto com a Palavra de Deus que a Igreja se rejuvenesce, cresce na fé e torna-se para o mundo testemunha de Cristo.
À semelhança de Maria, a Igreja é chamada a despertar e gestar a fé na vida de todos os que respondem ao anúncio e convite do Evangelho. A redescoberta da importância de iniciar os fiéis na vida cristã, através de um processo de escuta e conversão, de participação e testemunho, torna a Igreja ainda mais parecida com Maria, Àquela que encontra sua grandeza no “mistério de Cristo e da Igreja”; aquela que cooperou com o seu Filho na obra salvadora e sustentou a Igreja que nascia com o seu testemunho e a oração.
O testemunho de fé de Maria é, enfim, um forte apelo para a Igreja nos nossos dias, desafiada seja pela resistência dos que lhe ficam indiferentes e pela mediocridade daqueles seus membros que não vivem com autenticidade a fé que professam. A força da Igreja em todos os tempos está no testemunho dos seus fiéis, que buscam na união entre fé e vida fazer da própria vida uma página do Evangelho, talvez a única capaz de ser lida pelos que ainda não creem.
Deixemo-nos guiar por Maria, na nossa preparação e para a celebração do Ano da Fé. Nela, temos a Mãe que nos ampara na caminhada da fé e o modelo que nos estimula a viver a fé com generosa dedicação a Cristo nosso Mestre e aos nossos irmãos!
Dom Milton Kenan Júnior
Bispo Auxiliar de São Paulo