BOLETIM DA REBIDIA - ANO 2 N 7 - JANEIRO DE 1998

http://www.rebidia.org.br - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. Pastoral da Criança - AMEPPE - ESQUEL

REBIDIA: busca constante de políticas públicas para o bem comum A informação como ferramenta de trabalho

Enquanto alguns conselhos municipais se encontram isolados do mundo tecnológico e da comunicação, outros recebem uma avalanche de novas informa-ções todos os dias. Parece que sempre tem alguém oferecendo uma novidade ou dizendo algo de um ponto de vista diferente.

Existe uma variação acentuada de formas de falar, desenhar ou escrever sobre a política, a ciência, a cultura e a economia. Basta a gente escolher um assun-to para existir a possibilidade de relacionar dezenas de livros, artigos, arquivos de TV e rádio a respeito. E como se não bastassem os tradicionais canais para a informação, hoje já existe a possibilidade de navegar na Internet em qualquer cidade com acesso ao telefone e encontrar informações sobre praticamente qualquer tema.

Neste cenário, a REBIDIA poderia correr o risco de ser apenas mais uma fonte de novas infor-mações, bombardeando o seu público com excesso de dados. Por isso, gostaríamos de lançar um convite a todos no sentido de encontrarmos uma maneira de conviver com o cotidiano das informações.

Todo trabalhador escolhe e prioriza as ferramentas que melhor se adequam à execução de uma tarefa.

Assim, também os usuários da REBIDIA são convidados a utilizar as informações que auxiliem no planejamento de bons programas e projetos
para a sociedade. Para que isso aconteça, precisamos aumentar a nossa interatividade, ou seja, a REBIDIA precisa saber de seus usuários quais são as informações de que eles mais necessitam para atuarem nos conselhos municipais. Assim, através deste boletim e de sua página na Internet, a REBIDIA vai disponibilizar aquilo que realmente servirá como ferramenta para a
afirmação de uma política pública voltada para o bem comum.

Pequenos projetos econômicos combatem a miséria e ajudam famílias Nos últimos anos, o cenário brasileiro tem trazido como elemento marcante a ênfase crescente nas políticas de ocupação e renda, nas diversas esferas de governo e na sociedade civil. Uma das vertentes é a consciência e a importância dos pequenos projetos econômicos que estão estimulando o surgimento de múltiplas iniciativas de apoio institucional a estas atividades, em todas as regiões do país. À frente destas iniciativas encontram-se organizações não- governamentais, entidades religiosas e agências internacionais com atuação no Brasil.

Geralmente chamados "projetos de geração de trabalho e renda", são reparados como uma alavanca para que famílias pobres possam ter seu próprio negócio, adquirindo, dessa forma, as condições mínimas de cidadania e qualidade de vida.

Localizados e diminutos, estes projetos são desenvolvidos individualmente ou em grupo. A renda gerada é quase sempre pequena, mas em inúmeras vezes é a única fonte de renda da família. Dona Duzinha, uma das participantes destes projetos em São Luiz do Maranhão conta que sua família estava sofrendo muitas dificuldades, pois seu marido estava desempregado. "Trabalhar com o projeto foi a melhor solução para mim. Graças a Deus através deste projeto eu estou conseguindo sobreviver", diz ela.

Só essa história parece não mudar o cenário do Brasil, onde os dados mais atualizados constatam que 42 milhões de pessoas (26,8% da população) não tem renda suficiente para atender às demandas básicas de alimentação, moradia, etc. Mesmo assim, com resultados localizados, os grupos que participam desses projetos conseguem melhorar sua renda, gastar menos com saúde curativa, adquirir produtos no mercado e utilizar os serviços da comunidade, entrando no processo econômico.

Na medida em que respostas são dadas aos problemas e necessidades individuais, o desenvolvimento local passa a se tornar realidade. Como a experiência de Duzinha, outras também estão possibilitando a sustentação das famílias e permitindo ganhos que vêm mudando suas condições de saúde, alimentação e moradia. Além disso, também existe uma verdadeira transformação destas pessoas no seu contexto social, na vida pública e na família. O impacto gerado na vida das mulheres, as maiores usuárias, é de grande relevância pois tem permitido a sua libertação em vários aspectos. Um dos grandes avanços é a socialização extrafamiliar destas mulheres. O projeto é capaz de redefinir seus valores e favorecer o aprendizado de habilidades básicas.

O pequeno projeto econômico pode ser desenvolvido por qualquer família desde que esta tenha consciência e que se proponha a assumir a atividade com responsabilidade. Todas as instituições que apóiam estes projetos, embora variem em concepção e metodologia, buscam dar suporte na viabilidade técnica, financeira e econômica da atividade. Geralmente, são cinco áreas básicas de apoio: legislação, financiamento, capacitação, ampliação de mercado e associativismo.

Desta forma, basta o interessado ter vontade e iniciativa para buscar informações junto ao governo local, conselhos de desenvolvimento local, igrejas, instituições de pesquisa, organizações não-governamentais, comunidades organizadas, empresas, entidades corporativas, para conhecer o funcionamento e a forma de atuação desses projetos.

Se por um lado existe um grande número de famílias carentes que necessitam deste apoio, tem sede destas informações, e por outro lado existem inúmeras instituições que apóiam estas iniciativas, como seria a operacionalização deste processo? Se partirmos do princípio de que o "desenvolvimento local consiste em potencializar o desenvolvimento sócioeconômico tomando como base principal a mobilização dos recursos humanos e financeiros locais, estimulando a acumulação local através de pequenos projetos econômicos, do associativismo...", teremos que começar com o fortalecimento da economia da solidariedade, através da qual se incentivariam atores locais, condutores de iniciativas em favor da comunidade. É importante lembrar que o conceito de "atores locais" não envolve apenas a população local e seus representantes, que levam as informações e fazem um trabalho de base, mas também os indivíduos responsáveis por decisões político institucionais e os técnicos/profissionais que estariam comprometidos com a construção deste desenvolvimento.

Desta forma, cresce a importância das parcerias construídas no processo acima mencionado. É importante destacar que as parcerias estabelecidas tenham um alvo direto, que sejam identificadas as pessoas e suas capacidades de ação e interesse dentro dos problemas levantados. Dentro deste contexto, também existem muitas preocupações, pois há necessidade de capacitar os agentes sociais e institucionais para que sejam desencadeadas ações estruturadas, da mesma forma que busquem projetos de ação local que realmente tragam benefícios em termos de incremento da renda e dos processos emancipatórios.

"Quando enfrentamos a problemática da pobreza a partir de iniciativas locais, não estamos apenas buscando um pouco de 'alívio' frente a uma situação explosiva. Na verdade, estamos criando formas renovadas de organização social, importantes em qualquer parte do mundo". Estimular um pequeno novo empreendimento não é o único meio de combater a pobreza, mas, sem dúvida, é um poderoso instrumento. Se implementado em conjunto com outras iniciativas, pode fazer milagres na melhoria do nível de vida das populações mais pobres.

Documentos pesquisados:

BAVA, Silvio Caccia,Org. Desenvolvimento Local. São Paulo, Pólis,1996.
RAZETO MIGLIARO, Luis. Economia de Solidariedad y Mercado Democrático. La economia de donaciones y el sector solidário. Programa de Economía del Trabajo/Academia de Huamanismo Cristiano. Santiago de Chile, 1984. Libro primero.
SERE - Projeto Nacional de Desenvolvimento para Micro e Pequena Empresa- Publicação do Fórum de Debates da Rio Negócios, 1994.
UNICEF.Oficina de Trabalho - Incremento da Renda e Políticas Públicas - Documento Síntese - Promoção e Organização, 1996. Informatização planejada traz melhores resultados Hoje em dia, muito se fala em informática e muitos têm a idéia que ela, sozinha, pode resolver os problemas administrativos e financeiros das empresas, orgãos e corporações. Mas, quando tudo vai mal dentro de uma instituição, só a informá-tica não pode resolver o problema. Devemos encarar esta ciência como uma ferramenta a mais de trabalho em vez de achar que ela é uma solução mágica para nossos erros.
Antes de informatizar sua empresa preste atenção nestas perguntas:

* o que quero informatizar?
* para que quero informatizar?
* como vou informatizar?
* quanto posso gastar com este processo de informatização?
* quanto vou ganhar com este processo de informatização?

Se você conseguiu responder a estas perguntas e chegou à conclusão de que é viável, preste atenção nestas outras perguntas:

* quem vai tocar o processo de informatização?
* vou comprar um software pronto?
* vou mandar desenvolver um software?
* vou criar uma equipe de desenvolvimento?
* vou comprar os equipamentos já?
* quanto vou investir no treinamento dos meus funcionários?
* quem vai instalar meus equipamentos?
* quem vai dar assistência técnica para os meus equipamentos?

Se você ainda continua querendo informatizar, lembre-se:

* - informatizar não é colocar seus problemas no computador, e, sim, repensar uma solução inteligente para eles.
* - informatizar não é colocar um editor de texto nos seus processos, mas qualificá-los.
* - informatizar também não é solução. É controle.
* - informatizar não é demitir pessoas, mas qualificar o seu quadro funcional.

Com a informatização, é possível obter uma "fotografia instantânea" de sua empresa, com acesso fácil aos seus custos, gastos e resultados, financeiros, administrativos ou operacionais. Isso lhe permitirá um planejamento real, com adequações permanentes dos seus processos.
Nesta altura do campeonato, você deve estar esperando uma espécie de "receita do bolo". No entanto, nenhum agente externo a sua instituição será capaz de desenvolver um sistema informatizado sem que você pense e repense sobre cada uma de suas atividades e esteja disposto, inclusive, a mudar sua forma de trabalho, rever os processos e a estrutura de poder dentro de sua instituição.
Seguindo estes itens básicos, a informática não será uma despesa ou um incômodo, mas um investimento de qualidade dentro da sua instituição.

Processo é toda a atividade desenvolvida pela sua instituição, interna e externamente. Ela pode ser de nível administrativo, comercial, industrial, financeiro, operacional, etc.

Qualificar significa simplificar os processos existentes no seu ramo de atividade, aproveitando ao máximo os recursos de que você dispõe.

Controle é o processo que você usa para visualizar as operações da sua empresa.