• Assim como Jesus, também Amós, os profetas e um grande número de pessoas na história da Igreja e da humanidade deram exemplos de coragem para cumprir sua missão na defesa dos mais fracos e oprimidos. O medo não os paralisou!
• Para colocar em prática os ensinamentos de Jesus, a primeira atitude é: saber ver, observar. A segunda é: analisar, avaliar todos os aspectos das situações e dos problemas. Não se pode julgar e agir precipitadamente.
• Papa Francisco nos diz, no sermão do Domingo de Ramos: “Aprendamos a olhar não só para o alto, para Deus, mas também para baixo, para os outros, para os últimos. E não devemos ter medo do sacrifício. Pensai em uma mãe ou em um pai: quantos sacrifícios! Mas porque os fazem? Por amor! E como os enfrentam? Com alegria, porque são feitos para pessoas que amam. Abraçada com amor, a cruz de Cristo não leva à tristeza, mas à alegria”.
Caros(as) Coordenadores(as) e Líderes da Pastoral da Criança:
Este Dicas quer fazer um alerta e um apelo às Coordenações e líderes da Pastoral da Criança para que estejam atentos às injustiças e opressões que acontecem nas famílias e comunidades onde as vítimas são, geralmente, os mais fracos e indefesos.
Um fato da Vida que nos faz pensar:
No mês de março de 2013, com a participação da Pastoral da Criança, o programa de televisão dominical da Rede Globo “Fantástico” levou a público denúncia de lideranças da Pastoral da Criança sobre relatos de adoções feitas de maneira, no mínimo apressadas, em que os pais, contra sua vontade, ficaram privados de seus filhos: depois de sofrer uma depressão, uma mulher tem as três filhas tiradas de casa por ordem da Justiça. Por causa do marido alcoólatra, outra mulher perde sete filhos de uma vez.
Para as famílias, especialmente para as mães, ficou a dor e a saudade. Para os filhos, o que ficará?
O que diz a Lei nesses casos?
Em 2006, foi aprovado o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC). Em 03 de agosto de 2009, foi sancionada a LEI Nº 12.010.
Segundo o Plano e a Lei, as crianças e adolescentes devem crescer e se desenvolver no seu contexto familiar e comunitário independente da condição econômica da família. Nos casos de pobreza, o Estado formulará políticas de superação da vulnerabilidade e riscos, além de contribuir com uma rede de atendimento que fortaleça os vínculos familiares.
Em todas as culturas, a família é a principal referência social das pessoas. Ela é a base da saúde, da educação, do amor e da felicidade. As melhores experiências na área da infância e da garantia de seus direitos estão relacionadas com ações que focalizam a família e a comunidade como espaço privilegiado do desenvolvimento infantil.
Ninguém desconhece as dificuldades pelas quais as famílias passam. Muitas estão em situação de vulnerabilidade. Mesmo assim, para a criança é necessário que alguém cuide dela com amor.
A retirada da criança da família é o último passo a ser dado e, quando for feito, deve-se dar preferência à família ampliada, avós, tios, parentes próximos. A adoção é o último recurso.
A ação da Pastoral da Criança nas comunidades procura reforçar e fortalecer os vínculos familiares e comunitários, que previne situações de risco, em que a criança pode ter seus direitos violados. A Pastoral da Criança não é instituição de passagem para adoção e nem retira crianças das famílias para ficar com líderes.
A Pastoral da Criança nos dá exemplo de coragem ao enfrentar os poderosos deste mundo, reforçar e fortalecer as famílias, conquistar o direito à justiça, com o retorno da criança para sua casa e celebrar a vitória da vida.
"Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los."
(Dra. Zilda Arns Neumann)
Devemos, a exemplo da Dra. Zilda, que deu a vida pela missão e colocou a missão acima de sua vida, cuidar das crianças como bem sagrado e promover seus direitos.
Depois de ver e julgar criteriosamente as situações, com cuidado e muita prudência, é preciso tomar decisões corajosas para solucionar os problemas. O medo não pode acovardar e paralisar ninguém!
O que diz a Bíblia sobre a coragem, sobre dar testemunho?
Jesus percebeu que o Templo estava sendo desrespeitado e profanado com negociatas. Segundo o evangelho de João 2,14-16, Jesus tendo feito um chicote de cordas, expulsou todos do Templo, com ovelhas e bois; lançou ao chão o dinheiro dos cambistas. Derrubou as mesas e disse aos que vendiam pombas: “tirai tudo isso daqui, não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio”.
O Papa Bento XVI, comentando esta parte do evangelho, escreveu: “Na purificação do templo, Jesus agia em harmonia com a lei, evitando um abuso do templo … a sua reivindicação era mais profunda, porque com o seu agir queria dar cumprimento à Lei e aos Profetas”.
Segundo o evangelista Lucas 13,31-33, alguns fariseus se aproximaram de Jesus e lhe disseram: “Parte e vai-te daqui, porque Herodes quer te matar”. Ele respondeu: “Ide dizer a essa raposa: Eis que eu expulso demônios e realizo curas hoje e amanhã e no terceiro dia vou terminar! Mas hoje, amanhã e depois de amanhã devo prosseguir o meu caminho...” O que quis dizer Jesus com estas palavras? Jesus manda este recado: para cumprir a minha missão não preciso da autorização de Herodes e as suas ameaças não me amedrontam.
Um outro exemplo do Profeta Amós 8,4-8: Amós observa que os indigentes e pobres eram explorados. Por isso, levanta a voz contra os opressores em defesa daqueles que não tinham condições de se defender.
Assim como Jesus, também Amós, os profetas e um grande número de pessoas na história da Igreja e da humanidade deram exemplos de coragem para cumprir sua missão na defesa dos mais fracos e oprimidos. O medo não os paralisou!
Aliás, Jesus, muitas vezes, teve que se defrontar, lidar, com o medo dos seus discípulos:
• No mar com os discípulos, Jesus diz: “Não tenhais medo, eu estou aqui” (Mt 14,22-33).
• A Pedro: “Não tenhas medo! De hoje em diante, serás pescador de homens” (Lc 5,1-11).
• Aos discípulos: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo”! (Jo 16,33).
• Ainda aos discípulos: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32).
Assim, para colocar em prática os ensinamentos de Jesus, a primeira atitude é: saber ver, observar. A segunda é: analisar, avaliar todos os aspectos das situações e dos problemas. Não se pode julgar e agir precipitadamente. Às vezes, é preciso buscar orientação de outras pessoas, principalmente quando se trata de questões relacionadas com as Leis.
As Coordenações e Líderes têm também a possibilidade de recorrer à Coordenação Nacional da Pastoral da Criança para pedir orientações.
Só depois desses passos é que se pode procurar a solução, a melhor possível. Às vezes, a solução exige etapas e tempos diversos, mas o importante é não desistir de encontrar uma resposta, uma saída.
Para refletir:
1. Que sinais apontam para a existência de injustiça e opressão que podem contar com a ação profética da Pastoral da Criança?
2. Como compreender melhor, à luz do Evangelho, das leis e da realidade, os problemas das famílias acompanhadas?
3. Que mensagem da Bíblia ajuda você a encontrar soluções para as questões relacionadas com a injustiça e opressão?
Mensagem encorajadora:
Concluímos esse Dicas com a bela mensagem do Papa Francisco, extraída do sermão da Celebração no Domingo de Ramos:
“Queridos amigos, todos nós podemos vencer o mal que existe em nós e no mundo: com Cristo, com o Bem! Sentimo-nos fracos, inaptos, incapazes? Mas Deus não procura meios poderosos: foi com a cruz que venceu o mal! Não devemos crer naquilo que o Maligno nos diz: não podes fazer nada contra a violência, a corrupção, a injustiça, contra os teus pecados! Não devemos jamais habituar-nos ao mal! Com Cristo, podemos transformar-nos a nós mesmos e ao mundo. Devemos levar a vitória da Cruz de Cristo a todos e por toda a parte; levar este amor grande de Deus. Isto requer de todos nós que não tenhamos medo de sair de nós mesmos, de ir ao encontro dos outros. Na Segunda Leitura, São Paulo nos diz que Jesus Se despojou de Si próprio, assumindo a nossa condição e veio ao nosso encontro (cf. Fil 2, 7). Aprendamos a olhar não só para o alto, para Deus, mas também para baixo, para os outros, para os últimos. E não devemos ter medo do sacrifício. Pensai em uma mãe ou em um pai: quantos sacrifícios! Mas porque os fazem? Por amor! E como os enfrentam? Com alegria, porque são feitos para pessoas que amam. Abraçada com amor, a cruz de Cristo não leva à tristeza, mas à alegria”.
Para refletir:
1. Como são enfrentadas as situações que afetam o relacionamento de pais e filhos na sua comunidade?
2. Nos casos de agressão dentro de casa, a comunidade e o poder público propiciam tratamento para o agressor e cuidados para a vítima?
3. Como você recebe esta frase do Papa Francisco: “Não devemos jamais habituar-nos ao mal”?
4. Como o exemplo da Pastoral da Criança, citado neste Dicas, nos inspira no enfrentamento das estruturas de poder que agem contra as famílias pobres?
DICAS é um informativo técnico dirigido às Equipes de Coordenação da Pastoral da Criança.Se tiver alguma sugestão de tema ou dúvida, escreva para:Coordenação Nacional da Pastoral da CriançaRua Jacarezinho, 1691 • Curitiba – PR • 80810-900Fone: (41) 2105 0250 • Fax: (41) 2105-0299 • E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.