Dizer não aos pequenos nem sempre é uma missão fácil. Isso porque os pais têm medo de que a criança se sinta rejeitada ou mesmo para não escutar choro. Alguns responsáveis usam o sim a todo momento, muitas vezes porque se culpam por não poder dar tudo o que gostariam, ou por passar menos tempo do que queriam com os filhos. Dar limites às crianças, além de uma necessidade, é um ato de amor dos pais.
O Guia do Líder da Pastoral da Criança indica que, desde bebê, é necessário a criança aprender a ouvir não. Entre os nove e onze meses, por exemplo, a criança está aprendendo o que é proibido e a ter noção de limites. Por isso, por mais que se fale "não", a criança muito possivelmente vai ter fazer o que foi proibido novamente. Pai e mãe devem agir com firmeza, sem usar de violência e mantendo as proibições que colocaram.
O diálogo é o melhor caminho
Marli Terezinha Ludwig, coordenadora estadual da Pastoral da Criança no Rio Grande do Sul, acompanha, desde a gestação, Gustavo, de 4 anos. Convivendo semanalmente com o garoto – Marli é vizinha da família – ela percebeu que existia uma dificuldade da família entender como colocar limites na criança. "Os pais estavam perdidos. A mãe perguntou como fazia, peguei o Guia do Líder e mostrei que quando se fala não, é não; e sim é sim", conta.
Ela percebeu que estas indicações eram recebidas com entusiasmo pelos pais de Gustavo, que não tinham nenhuma experiência, já que o menino era o primeiro filho de ambos. Ela ensinou que um caminho é negociar com a criança, mostrando o que é melhor de maneira simples, para que ele compreenda a situação e entenda que os pais querem o melhor para ele, mesmo diante de uma resposta negativa.
Dra. Zilda
“A educação começa quando a criança ainda está no ventre materno e continua depois, principalmente nos primeiros anos de vida”.
Papa Francisco
“Cuidemos do nosso coração, porque é de lá que sai o que é bom e o que é ruim, o que constrói e o que destrói”.
A família de Gustavo, assim como outras centenas de famílias pelo Brasil, tem outra dificuldade: vive com os avós da criança, que pensam de maneira diferente. "A mãe, hoje, está ciente que essa maneira repressora de educação não faz bem, que o melhor é o diálogo e não a palmada ou o medo que os avós colocavam nele", afirma. Segundo a líder, a avó tem sido orientada também, e quase não fala mais em bruxas ou sobre o "homem do saco", como fazia para assustar o menino. "A maior prejudicada é a criança, por isso é importante falar a verdade. Por exemplo, quando a mãe precisa trabalhar e a criança não quer e chora, o melhor é conversar e distrair com outra coisa", exemplifica.
Importância do brincar
Gustavo é um garoto ativo, gosta de brincar e às vezes "foge" da mãe e vai até a casa da líder para conversar. Desde que iniciou estas indicações com a família, Marli tem notado avanços significativos no comportamento do menino, que antes tinha dificuldade de falar corretamente e não obedecia os pais. "Ele gosta muito de conversar, vem aqui [em casa] pra contar o que acontece na escola. Muitas vezes conta antes para mim, e depois para a família", revela. Segundo ela, o estímulo é feito principalmente por meio da brincadeiras com o menino. "Através do brincar, ele desenvolveu a fala corretamente, é uma evolução", avalia.
Dar limites e saber em que momentos dizer não ou sim, sem violência, é um aprendizado diário. Mas é importante que os pais percebam que são estes momentos que formarão a consciência do que as crianças compreendem sobre o mundo. Irá depender do pais que elas tenham um bom aprendizado e estejam, ou não, bem preparadas para a vida adulta.
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