Crianças "eu quero"
A criança aprende rápido a arte de conseguir com a teimosia aquilo que ela vê nas propagandas, ou uma mania na escola. Você deve ter presenciado cenas nas ruas, feiras, lojas e mercados que se tornaram frequentes. Pais ficam incomodados com a teimosia das crianças, em querer um brinquedo caro, um eletrônico, ou um vestuário da moda. Nesta hora, muitos pais usam a velha tática de mudar o foco do objeto de desejo da criança. “Olha, filho, este outro brinquedo é de montar, que lindo!” ou “filha, experimenta esse joguinho, é mais barato e muito mais divertido”. Nem sempre isso dá certo.
A repetição da expressão “eu quero”, com uma mistura de choro e birra, é a forma mais comum da criança dizer que não vai abrir mão do brinquedo, mesmo que seja deixado de lado poucos dias depois. E para se livrar desta situação, os pais parcelam em várias vezes a compra. Usam um dinheiro que não têm para atender as crianças da geração “eu quero”.
Líder, explique para os pais que eles precisam estabelecer as regras com as crianças bem antes de chegar na loja. Este diálogo ajuda a diminuir a expectiva e a ansiedade da criança. Explicar com calma pode auxiliar na negociação. Os limites devem ser educativos, sem uso da violência. Os pais precisam demonstrar segurança nas suas decisões e ao apresentar limites para as crianças.
Jovens “nem-nem”
Hoje em dia muito se fala dos jovens que têm dificuldades em permanecer na escola e também não encontram lugar no mercado do trabalho. Como fazer para ajudar nossa juventude a encontrar um caminho de oportunidades e vida plena? Por outro lado, temos as crianças que, sem a orientação segura e consciente dos pais, crescem sem limites. Vamos refletir juntos sobre essas duas questões.
Conforme a última pesquisa divulgada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos não trabalha nem estuda, a maioria são mulheres. A gravidez foi apontada com um dos principais motivos para as jovens abandonarem o trabalho ou a escola.
Líder, certamente você encontra jovens “nem-nem” nas visitas domiciliares. Como ajudar? Que soluções existem?
Os jovens têm um vigor natural para viver a vida, e certamente o fato de nem estudar e nem trabalhar gera insatisfação, baixa estima e tristeza para todos da família. Em muitos lares, os pais ficam sem saber como ajudar os filhos.
No momento das visitas, o líder pode ajudar a construir pontes na família. A compreensão pode ajudar a romper as barreiras. Após um tempo, os jovens podem “cair em si”, como aconteceu com o filho pródigo, na parábola escrita no Evangelho de Lucas. Nesta hora, o pai estava na porta da casa para receber o filho com os braços abertos, e fez festa. Para isso acontecer, os pais e familiares precisam ter disposição para dialogar e, ao mesmo tempo, saber apontar oportunidades para os filhos.
Insistir com o jovem retornar para escola é uma das primeiras soluções. Cada ano fora da escola piora a situação. Existem muitos cursos técnicos sem custos para os alunos, oferecidos pelas secretarias de educação, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Sindicatos e Organizações de Assistência Social. As prefeituras podem informar sobre quais cursos existem na cidade.
A busca por um trabalho pode acontecer junto com a frequência na escola, ou depois. As chances de ter um salário maior aumentam para quem tem mais anos de estudo.
Clóvis Boufleur
Gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança