remedios caseirosQuando usados de forma incorreta, sim.. Alguns remédios que fazem bem para uma coisa, podem prejudicar em outras. A porangaba, por exemplo, usada contra a obesidade, pode causar irritação no estômago de pessoas sensíveis, aumento de pressão em quem tem tendência a doenças cardíacas e ainda insônia e enxaqueca. Os elementos que têm efeito laxante também podem causar aborto.

Substâncias simples, como arnica e calêndula, podem fazer mal à saúde se ingeridas indiscriminadamente. A arnica, anti-inflamatória natural ótima para cicatrização e combate a hemorragias leves, não deve ser utilizada por via oral, pois há risco de dano no fígado. A calêndula, também cicatrizante e eficiente para estimular atividade hepática, em excesso desencadeia nervosismo, depressão, falta de apetite, náuseas e vômitos. Os calmantes com a passiflora (flor do maracujá), se tomados pela manhã, produzem sonolência e dificuldade para dirigir. Esses efeitos colaterais, como o próprio nome indica, não são desejados.

O mesmo vale para os chás. Para alcançar o efeito desejado e não causar problemas à saúde, devem ser utilizados nas quantidades e frequências corretas, observadas as contra indicações.

É preciso ter cautela

A medicina natural tem sérios riscos associados e só deve ser usada com cautela. É muito difícil distinguir remédios naturais bons daqueles que não dão nenhum resultado.

É necessário ter muito cuidado na hora de conciliar o tratamento natural ao tradicional. Além dos efeitos tóxicos, as substâncias naturais também podem interagir com medicamentos ou agravar algumas doenças. Por isso, sempre que for ao médico, diga a ele se você utiliza algum tipo de chá com frequência ou medicamento à base de plantas (fitoterápicos, por exemplo).

Procure orientação médica

A maior parte dos fitoterápicos são seguros e eficazes. Porém, como todo medicamento, requerem cuidados especiais para o uso. Antes de ir à farmácia e comprar o produto que alguém lhe indicou, consulte a lista da Anvisa com os Grupos Terapêuticos não precisam de prescrição. Caso o medicamento que pretende comprar não esteja nesta lista, procure um médico, que poderá orientar sobre qual a maneira correta de utilizá-lo, assim como a quantidade, o tempo de administração e as contra indicações.

Cuide da sua saúde sempre: mantenha uma alimentação saudável e equilibrada, exercite sua mente e sua memória, não permita que o estresse invada sua vida. Beba mais água, não fume, movimente seu corpo, diminua o sal e sorria, pois esta é uma forma natural para melhorar a saúde. Sorrindo, são movimentados cerca de 400 músculos, o sistema imunológico é fortalecido, é estimulada a produção de serotonina (que regula a sensibilidade à dor, ajuda na depressão, ansiedade e melhora a oxigenação). Sorrir é natural e não faz mal.

A Pastoral da Criança e os remédios caseiros

A Pastoral da Criança é favorável ao uso de remédios caseiros desde que estes tenham propriedades terapêuticas ou medicamentosas cientificamente comprovadas, bem como sejam preparados/manipulados corretamente.

Em parceria com a Pastoral da Saúde, Secretarias Municipais de Saúde, Universidades entre outros, considera-se interessante que as famílias tenham em suas casas plantas medicinais com propriedades terapêuticas e ausência de toxicidade, desde que as famílias sejam devidamente orientadas quanto a colheita, dosagem, forma de preparo etc.

Quanto à produção não destinada ao consumo imediato na família, ela deve ser realizada de acordo com as normas da ANVISA entre elas a de ter um farmacêutico responsável técnico pelo medicamento (vide https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/anvisa-reforca-riscos-do-uso-de-produtos-201cnaturais201d-irregulares).

É dever das coordenações e líderes da Pastoral da Criança, assim como de qualquer cidadão, denunciar a fabricação e distribuição fora das normas às autoridades visto que podem colocar em risco a saúde de nossas crianças, gestantes e familiares.

Neste sentido, a Coordenação Nacional da Pastoral da Criança declara que a fabricação e distribuição de produtos, incluindo remédios caseiros/naturais, seja ela gratuita ou não, não faz parte das suas ações e que o nome da Pastoral da Criança não deve ser vinculado a este tipo de atividade.

O Dicas n.º32, de 2005, disponível em As ações da Anvisa previnem os riscos para saúde, já alertava lideranças e coordenações sobre a produção de remédios caseiros, alimentos e produtos de limpeza sem acompanhamento técnico e licença de comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Neste contexto se faz necessário destacar que a Pastoral da Criança tem como missão promover o desenvolvimento das crianças, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, do ventre materno aos seis anos, por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na mística cristã que une fé e vida, contribuindo para que suas famílias e comunidades realizem sua própria transformação. E que sua atuação se baseia na organização da comunidade e na capacitação de líderes voluntários que ali vivem e assumem a tarefa de orientar e acompanhar as famílias vizinhas.

Portanto, o foco principal da Pastoral da Criança é a multiplicação do saber por meio de seus voluntários e materiais educativos disponíveis em nosso aplicativo. Ao promover a autonomia das famílias mais vulneráveis por meio do conhecimento, colocamos em prática aquilo que o próprio Papa Francisco nos pede como cristãos: "Os pobres não podem ser aqueles que apenas recebem; devem ser colocados em condição de poder dar, porque sabem bem como corresponder."

Foto: Berdnik Oleksander