No Brasil, e em boa parte da América Latina, a preocupação das empresas de médio e grande porte com o envolvimento dos seus colaboradores, fornecedores e clientes em ações voluntárias tem poucas décadas.
No passado, as pessoas ricas davam dinheiro para a Igreja, e ela fazia as ações sociais, com ajuda de voluntários da comunidade. Nos Estados Unidos, a responsabilidade pelas atividades sociais foi tradicionalmente ligada ao Estado. Por isso, existem muitos incentivos fiscais do governo para que uma empresa se envolva diretamente com a comunidade onde ela desenvolve suas atividades. Isso fez com que a maioria dos investimentos dessas empresas fosse feita dentro do próprio país.
SAIBA MAIS
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Os incentivos serviram inclusive para que a herança ficasse na família legalmente de geração para geração. Lá, muitas empresas criam uma fundação familiar para isso. No Brasil, ao passar o dinheiro para a geração seguinte, paga-se cerca de 3% de imposto. Nos Estados Unidos esse imposto pode chegar a 40%. Por outro lado, não há imposto se o recurso continua na família por meio de uma fundação.
As empresas fortalecem o trabalho voluntário quando confiam na capacidade de organização da sociedade, cumprem a legislação e descentralizam as ações. As iniciativas da sociedade não pertencem às empresas ou ao Estado. Elas existem na comunidade e podem ser potencializadas com participação e conhecimento de voluntários corporativos.
É preciso destacar que a mudança cultural sobre o engajamento social tem um aspecto sobre o qual não existe controle, é uma espécie de evolução natural. Hoje é inviável estabelecer um único padrão para este engajamento. Existem fatores locais, regionais e globais que influenciam o comportamento dos empresários e trabalhadores em relação ao voluntariado e os investimentos econômicos e sociais nos diferentes territórios do Brasil.
Clóvis Boufleur