Foto: Pal Csonka
Com base genética, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido por autismo, provoca, em geral, dificuldades de socialização e de comunicação. Estima-se que, no Brasil, existam em torno de dois milhões de autistas, atingindo uma em cada 110 crianças (de acordo com divulgação da Sociedade Brasileira de Pediatria, em 2011).
O diagnóstico precoce do autismo é muito importante, para que a criança possa ter o acompanhamento adequado e desenvolver todas as suas potencialidades. Por isso, é fundamental que a família e os profissionais que trabalham com a primeira infância estejam atentos aos sinais nas crianças pequenas. E isso ainda é um desafio, pois em grande parte dos casos, essa confirmação ocorre tardiamente, quando a criança já está tendo dificuldades, principalmente no convívio escolar. Para reverter isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria vem investindo cada vez mais na formação dos médicos e chamando a atenção para este distúrbio.
A seguir, duas profissionais da coordenação nacional da Pastoral da Criança contribuem para o entendimento desta temática e da relação do autismo com o aleitamento materno. Confira a entrevista com a Ir. Veroni Medeiros (educadora e assistente técnica da área de desenvolvimento infantil) e Regina Reinaldin (enfermeira).
Programa de rádio Viva a Vida
Programa de Rádio 1278 - 28/03/2016 - Autismo e Aleitamento materno
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
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Quais são as principais características de uma criança autista?
Ir. Veroni: As principais características são: uma grande dificuldade em desenvolver relações sociais com outras crianças ou adultos, a enorme dificuldade na comunicação com os outros e a existência de movimentos limitados e muito repetitivos. Fisicamente, são crianças com aparência completamente normal e saudável. Algumas crianças apresentam quadros mais leves, em que não se compromete a fala e a inteligência. Há, também, formas mais graves, quando a criança não consegue manter contatos interpessoais e possui déficit intelectual e motor.
Como identificar os primeiros sinais da doença?
Ir. Veroni: Os sintomas podem surgir logo nos primeiros meses de vida, mas são difíceis de reconhecer. Os sinais são mais claros quando a criança começa a crescer. Uma das primeiras dificuldades é justamente detectar o autismo o mais cedo possível. Todo mundo que lida com a criança tem que estar acompanhando o seu desenvolvimento. Tem que olhar como a criança está se relacionando com o mundo, com as outras crianças, com o pai, com a mãe. O choro quase contínuo, uma inquietação constante, ou ao contrário, uma apatia exacerbada, com sonolência constante, também merecem atenção.
Irmã Veroni Medeiros
A criança autista pode mamar no peito?
Regina: Antes de responder se a criança autista pode ou não mamar no peito, é preciso alertar as famílias que só o médico, após avaliar o grau de autismo e as condições de saúde da criança, pode orientar sobre a melhor forma de alimentar a criança. Cada caso é diferente do outro. Tem bebês que apresentam muito refluxo, e se o bebê for mamar no peito, a mãe precisa receber uma orientação especial sobre a posição da amamentação, os cuidados necessários, a dieta que a mãe que amamenta precisa fazer.
De que modo o aleitamento materno pode trazer benefícios ao bebê autista?
Regina: Mesmo que ainda tenham sido poucos os estudos sobre o autismo e o aleitamento materno, as pesquisas disponíveis indicam que amamentar ao peito traz muitas vantagens ao bebê autista. Contudo, é preciso tomar sempre os cuidados necessários, porque os bebês com autismo têm, com frequência, problemas crônicos de saúde, como infecções recorrentes, dificuldades respiratórias, alergias, sensibilidade a agentes químicos e problemas digestivos. O aleitamento ao peito pode também ser benéfico para o desenvolvimento emotivo do bebê autista, enquanto fornece uma ocasião especial para este bebê viver um extremo contato físico e emotivo com a mãe
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Leia a entrevista na íntegra: 1278 - Entrevista com Regina Reinaldin e Irmã Veroni - Autismo e Aleitamento Materno (.PDF)