O que é a desnutrição dentro do útero?

Muitas vezes a criança não recebe todos os nutrientes que precisa dentro da barriga da mãe, e isso pode acontecer por muitas causas. A mais comum no passado, era quando a mãe passava fome e a criança passava fome junto. Hoje praticamente não existe mais no Brasil essa falta de acesso a comida, mas ainda existem algumas causas que podem levar a criança a sofrer dentro do útero. (parte da entrevista do Dr. Nelson Arns Neumann sobre os primeiros 1000 dias de vida)

Ouça aqui: Programa Viva a Vida da Pastoral da Criança | 1069 - 26/12/2012 | Os primeiros mil dias de vida.
Assista também o programa da Pastoral da Criança sobre o assunto: /programa-de-tv-da-pastoral-da-crianca

Além disso, a desnutrição no útero pode provocar má formação dos órgãos do bebê devido a menor quantidade de nutrientes. Essa má formação pode trazer consequências para sua vida no futuro.


O nascimento de bebês pequenos preocupa: o baixo peso é sinal de problemas no desenvolvimento do feto dentro do útero, com prejuízo para a formação dos órgãos e a possibilidade de aparecimento, no futuro, de doenças crônicas, como hipertensão, obesidade, diabete e osteoporose.


Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2009, as doenças crônicas não transmissíveis foram responsáveis por 72% das mortes no país.

“A relação entre o peso ao nascer e as doenças crônicas, hipótese levantada pelo epidemiologista inglês David Barker, é o que existe de mais moderno nas descobertas da medicina fetal. Uma das maneiras de combater essas doenças é evitar que as crianças nasçam com menos de 2,5 quilos”, observa o obstetra e presidente da Comissão de Medicina Fetal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Eduardo Sérgio Borges da Fonseca. Dentro do útero, o metabolismo de um feto com restrição de desenvolvimento se programa para enfrentar adversidades:seu organismo passa a economizar energia e desacelera o crescimento, pois o bebê não apresenta reservas suficientes. Assim, os esforços do feto são direcionados para manter o funcionamento das glândulassuprarrenais e de órgãos vitais, como o cérebro e o coração – os demais órgãos, como rins e fígado, por não se desenvolverem plenamente, podem ter suas funções comprometidas.

Todos os nutrientes são utilizados para que o bebê se mantenha vivo. Assim, ele não consegue crescer e ganhar peso. Mesmo depois de adulto, seu organismo vai estar programado para viver em situações de energia restrita, o que afeta o metabolismo de gorduras e pode acarretar diabete e obesidade”, explica a professora Regina Vieira Cavalcanti, do departamento de Pediatria do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Nesse período de 1000 dias de vida, é definido como o metabolismo vai controlar a diabete e a pressão para o resto da vida”, observa Neumann. 

Os dois primeiros anos de vida são importantes porque consistem em uma das fases mais rápidas do crescimento humano. 

Para recuperar o peso e a altura de um bebê nascido com menos de 2,5 quilos, não é preciso realizar intervenções médicas complexas. “Ele vai precisar de mais atenção no aleitamento materno e da garantia de uma alimentação sem problemas, com retornos mais precoces ao pediatra e acompanhamento do peso”, observa a professora Regina Vieira Cavalcanti, da UFPR.
Porém, ainda que os pais fiquem ansiosos e preocupados diante de um bebê magro, o ganho rápido de peso nesse período deve ser evitado, pois está relacionado ao desenvolvimento de hipertensão, diabete e problemas coronários. “As pessoas estão muito apegadas à imagem do “bebê johnson”, gordinho. Cabe ao médico incentivar uma dieta parcimoniosa, com aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, sem qualquer tipo de complementação alimentar”, diz o obstetra Eduardo Borges da Fonseca.


Fontes: Nelson A. Neumann, coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança; Eduardo da Fonseca, presidente da comissão de medicina fetal da Febrasgo; Renato Procianoy, presidente do departamento de neonatologia da SBP, e Regina Cavalcanti, professora do departamento de pediatria do curso de Medicina da UFPR.

 

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