Em defesa da educação inclusiva

“Estudar em uma escola regular foi uma experiência incrível para o meu filho autista” 

Quando meu filho era pequeno e recebeu o diagnóstico de TEA lembro-me bem da orientação que o médico nos deu além de procurar a psicoterapia: socialização já! Imediatamente comecei a levá-lo a todos os lugares que antes não levava por causa do eventual estresse que ele pudesse causar, ou seja, lojas, padarias, supermercados, etc. Mas a parte mais importante foi a escola. Matriculamos em uma escola comum, regular, igual a de todas as crianças do bairro. E foi a melhor coisa que fizemos. Até hoje ele tem contato com os amigos daquela escola de educação infantil, crianças que o aceitam e respeitam como ele é. A educação inclusiva é um direito de todas as crianças com TEA, assim como de todas as crianças com diferenças no funcionamento de seu organismo.

Trata-se de um direito fundamental assegurado não só por leis e planos nacionais, mas pela Constituição Federal e principalmente pela Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, assinada em Nova York em 2007. Essa Convenção é um tratado internacional que se tornou parte da Constituição do Brasil por meio do Decreto 6949/2009. Isso significa que, qualquer outra lei ou norma que contiverem determinações contrárias à Convenção poderá ser declarada inconstitucional. Mas esse é um dos pontos. É preciso que se faça uma reflexão sobre o quanto a educação inclusiva já mudou o panorama da educação nos últimos dez anos. E uma década é muito pouco tempo para se falar em uma mudança de concepção e consciência social. A educação no Brasil sempre foi motivo de discussão. Há severas críticas aos modelos adotados para todas as pessoas, o que dirá dos modelos adotados para a pessoa com TEA. É lógico que o que queremos como pais é que nossos filhos tenham sempre o melhor. Mas devemos pensar sobre quais são as nossas expectativas para o futuro de nossos filhos, ou seja, por que e para que dar educação formal? 

A resposta para mim se resume em uma palavra: autonomia. A busca pela autonomia de um filho com TEA passa pela busca de todos os instrumentos que possam atingir esse objetivo. E mesmo que alguns não consigam ter autonomia completa, poderão ser amparados por uma rede de apoio. Essa rede de apoio também se faz com o contato e a socialização plena. Ou seja, se nossos filhos não participarem da vida em sociedade de forma completa não serão “conhecidos” em suas peculiaridades e não terão quem os apoie na vida adulta

As escolas estão em processo de adequação, muitos erros acontecerão, mas muitos acertos também. Nós, como família, temos também o dever de participar dessa construção ativamente, pois temos um conhecimento íntimo com o TEA que ninguém tem. Não deixemos de fazer nossa parte, pelos nossos filhos, mas também pelas outras crianças que virão.

Você está aqui: