“Precisamos de religiões para nos manter e nos unir, não para nos afastar.”

Rabino Pablo Berman, comunidade israelense do Paraná, Brasil


Em colaboração com outras comunidades religiosas ou espirituais, planejar um programa de reflexão e diálogo sobre a importância do desenvolvimento espiritual das crianças para protegê-las da violência e promover seu bem-estar integral (isso também pode ser feito dentro de sua própria comunidade.) É vital que esse diálogo ocorra em um ambiente seguro onde todas as opiniões são respeitadas e todos se sentem seguros para estar, falar e compartilhar. Isso não significa que todos devem concordar entre si. O diálogo é o início de um processo de construção de confiança, e a chave é que todos possam ouvir e ser ouvidos sem preconceitos. Para isso, um espaço onde todos os participantes podem estar envolvidos ativamente na experiência deve ser fornecida. É possível organizar diálogos inter-religiosos e, se útil, convidar especialistas, autoridade local de proteção à criança, pediatras ou outras organizações focadas em crianças como pessoas de recurso para compartilhar informações (evidências científicas e outras questões sobre violência que afetam o desenvolvimento das crianças).

Os diálogos inter-religiosos devem ser planejados para construir entendimento mútuo e facilitar caminhos para que pessoas de diferentes crenças religiosas e espirituais cooperem. Eles podem ser organizados em torno de temas específicos, por exemplo: a visão das crianças em diferentes tradições; violência contra crianças e como protegê-las da violência; ou a importância da parentalidade e da família na educação dos filhos.

O objetivo principal de tais diálogos é aprender uns com os outros, auto-examinar a própria práticas e crenças, adquirir novos entendimentos sobre a vida das crianças e como cuidar e apoiá-los. Idealmente, esses diálogos levarão à colaboração e à ação concreta para apoiar o bem-estar das crianças.


Regras básicas para o diálogo

Compartilhar essas regras básicas sugeridas com os participantes antes do início do diálogo, podem ajudar a moldar um lugar seguro e respeitoso para todos os que participam. Peça a todos que:

  • Respeitem as diferenças de experiência e perspectiva.
  • Falem com sinceridade e com base em sua própria experiência.
  • Não tentem persuadir ou mudar as opiniões dos outros.
  • Ouçam abertamente, respeitosamente e sem interrupções.
  • Dêem um tempo para aqueles que estão mais quietos participarem da conversa.
  • Respeitem a confidencialidade.
  • Evitem usar estereótipos ou generalizações negativas.
  • Estejam dispostos a aprender e ser mudado pela experiência.

É possível traduzir o fruto do diálogo em ação, encorajando os participantes a sugerir ideias concretas que podem ser realizadas através da colaboração inter-religiosa e com a participação de outros parceiros e setores da sociedade — ações que apoiem uma visão integral em resposta aos problemas que afetam as crianças.

O gráfico abaixo apresenta uma abordagem inter-religiosa para a defesa dos direitos e bem-estar das crianças e que pode ser usada nos diálogos inter-religiosos para planejar ações concretas para defender os direitos das crianças, a proteção contra a violência e a promoção de seu bem-estar.


A abordagem inter-religiosa é construída sobre os três componentes principais mostrados na figura em vermelho, verde e azul: 

  1. Engajar-se com outras comunidades religiosas e espirituais e organizações inspiradas pela fé; 
  2. Permanecer juntos por uma causa; e 
  3. Agir através ou dentro de comunidades religiosas e espirituais para influenciar mudanças sustentáveis ​​e transformadoras para as crianças em todos os três níveis. 

Este processo é mais eficaz quando cuidadosamente adaptado para contextos diversos. Não deve ser visto como um evento único. Além disso, o trabalho de defesa de direitos raramente ou nunca prossegue em linha reta, como se marchasse de um passo para o outro. Em vez disso, é um processo não linear e interativo. Não é apenas comum, mas também útil e necessário, ir e voltar várias vezes durante o processo de advocacy — por exemplo retornando ao passo “Engajar” para engajar e mobilizar mais pessoas e comunidades religiosas e espirituais ou organizações inspiradas na fé, ou retornando à etapa “Permanecer” para reforçar a visão compartilhada e causa comum, ou para a etapa “Agir” para adicionar ações adicionais e táticas de defesa. A frequência e os momentos exatos em que isso precisará acontecer dependerão do contexto local e devem ser elaborados de forma colaborativa pelos participantes envolvidos. 

Em última análise, o trabalho como líder religioso e espiritual na defesa e conscientização sobre a importância do desenvolvimento espiritual das crianças para protegê-las da violência e promover o bem-estar integral, terá um efeito cascata. Vai criar mais impacto quando unir seus esforços com os outros e usar a reflexão baseada em entendimentos teológicos, diálogo e ação para influenciar a mudança comportamental em sua comunidade.


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