No primeiro dia é recomendável solicitar aos participantes que estabeleçam alguns acordos comuns sobre abordagem, uso do tempo e formas de comunicação que permitam ao grupo interagir em equipe. A criação de “regras básicas” pode ajudar a desenvolver união no grupo, senso de pertencimento e incentivar o diálogo entre os participantes. Aqui estão alguns exemplos:

  • Pratique a confidencialidade: não compartilhe com outras pessoas o que determinadas pessoas dizem neste grupo. 
  • Esteja aberto a várias opiniões! Não há certo nem errado em tudo o que fazemos ou dizemos. Não julgue, critique ou discuta sobre o que os membros do grupo dizem.
  • Todos são diferentes e terão experiências diferentes para compartilhar. Eles são todos bem-vindos. 
  • Todos terão oportunidade de falar e participar. 
  • Respeito sempre: aguarde sua vez de falar, prestando atenção e ouvindo a fala dos outros.

Os encontros para pais, cuidadores e educadores abordarão temas que podem ser delicados - como experiências de violência, abandono, negligência, depressão, entre outras - por isso é importante criar um ambiente que seja o mais seguro e acolhedor possível. Vide box abaixo.

No entanto, quando surgir uma situação delicada, que possa desencadear fortes emoções em um participante, é importante saber como agir. Se isso acontecer, reconheça a experiência deles, reflita com empatia sobre os sentimentos que ele desmontra e deixe-o saber gentilmente que você gostaria de entrar em contato para conversar com mais detalhes após o término do encontro. Se ele precisar fazer uma pausa ou sair por um tempo, tudo bem. Veja no quadro abaixo mais orientações de como agir nessas situações.

TENHA EM MENTE:

O que você pode fazer quando um assunto no encontro causar sofrimento emocional ao participante?

Alguns encontros podem gerar emoções à medida que os participantes refletem sobre as experiências ou condições de vida. Aqui estão algumas sugestões:

  1. Dê tempo para ouvir os sentimentos dos participantes se eles quiserem ou precisarem compartilhar com o grupo.
  2. Fale em particular com o participante que está passando por sofrimento emocional e deixe-o saber que não há problema em se emocionar com o assunto. Pergunte a eles o que está causando a angústia e o que torna essa memória dolorosa.
  3. Se um participante expressar sofrimento emocional no meio de um encontro, responda com empatia. Pergunte o que está acontecendo, permita que o participante expresse seus sentimentos, se desejar, e peça aos outros participantes que ouçam e tentem entender suas emoções.
  4. Ajude o(s) participante(s) a encontrar a calma respirando fundo, entoando, cantando ou apenas deixando-os deitar.
  5. Será necessário acompanhamento desta família após o encontro, para conhecer e entender melhor a situação e acionar a rede de apoio da comunidade (vide tópico no conteúdo complementar).

Algumas dicas para manter o espaço seguro

  • Se alguém expressar algo sobre o comentário de outra pessoa que deixa os outros desconfortáveis, você deve intervir naquele momento. Lembre-os de que, em um espaço seguro, olhamos apenas para nós mesmos e não julgamos os outros. Não se deve julgar, criticar ou discutir o que os membros do grupo dizem.
  • Se houver pessoas dominantes que sempre parecem falar, agradeça-lhes por suas contribuições antes que se prolonguem demais e, em seguida, passe para os participantes mais quietos e dê-lhes a chance de falar. 
  • Às vezes, participantes calados não querem falar, e isso precisa ser respeitado. O silêncio também é poderoso. O foco do facilitador é dar uma chance igual para todos os participantes falarem, mas ninguém deve ser forçado a falar.
  • Use diferentes metodologias que atendam aos diversos participantes e que os ajudem a se envolver e se conectar com o conteúdo, por exemplo, criando discussões em pequenos grupos, usando recursos visuais, falando sobre a realidade dos participantes, fornecendo exemplos que trazem ideias e compartilhando sobre sua própria religião ou crenças espirituais. Se houver participantes que não saibam ler ou escrever, ajuste os materiais e as atividades para que se sintam incluídos.
  • Você pode querer direcionar o significado da criação de filhos por “disciplina”, ou pode optar por usar termos alternativos como “cuidado positivo”, “educar crianças” ou “ajudar as crianças a aprender”. 
  • Você pode se concentrar em desenvolver os laços entre os participantes e reforçar a confidencialidade entre eles sobre o que é compartilhado durante os encontros.
  • Certifique-se de que as ideias, opiniões e sugestões dos participantes sejam levadas em consideração e que sejam refletidas nas discussões e atividades que você fizer. Isso permitirá que vocês construam conhecimento juntos e façam com que os participantes se sintam valorizados e reconhecidos. 
  • Conclua cada sessão com uma atividade que estimule a motivação e sirva para conectar o aprendizado com a vida real. Você pode querer usar um poema, uma oração religiosa/espiritual ou inter-religiosa, ou uma reflexão.
  • Estimule a criação de uma rede de contatos e amigos entre os participantes e convidá-los a continuar o diálogo após o término do programa.
Como facilitador, você também pode ter emoções durante os encontros. Converse com seu treinador e estabeleça uma reunião periódica para trocas de experiências e orientação.

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