Prefácio 2ª edição

Mais da metade das mortes de menores de um ano ocorre nos primeiros seis dias, isto poderia ser evitado por uma boa assistência ao pré-natal e ao parto, acesso da mãe à informação e controle social dos serviços públicos.
Mas os cuidados não devem ser apenas durante a gestação. Após o nascimento a mãe deve continuar tendo toda atenção necessária, principalmente se o bebê nascer prematuro ou com peso abaixo de 2.500g. A criança que nasce antes de completar os nove meses de gestação requer cuidados especiais, pois está com a saúde fragilizada - chamada também como imaturidade orgânica.

Nos locais de difícil acesso, a Casa da Gestante, integrada ao Sistema Único de Saúde - SUS e o Hospital Amigo da Criança, são estratégias necessárias para que a mãe e seu bebê superem esta fase. Essas estratégias não só humanizam os serviços, como reduzem a mortalidade infantil e também a mortalidade materna. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as afecções perinatais são responsáveis por 60% das mortes de crianças.

Mas as organizações e a sociedade precisam colaborar, pois é preciso investir no desenvolvimento das crianças, desde a gestação para que elas não só sobrevivam, mas vivam plenamente. A Pastoral da Criança, por exemplo, ensina as mães e famílias pobres a cuidarem melhor de seus filhos, formando redes de solidariedade humana nas comunidades carentes e bolsões de miséria; tem como agentes o Líder Comunitário capacitado e acompanhado em seu trabalho. São 242.552 voluntários que se dedicam com fé e amor à causa, diminuindo em mais da metade a desnutrição e a mortalidade infantil nas comunidades onde atuam.

Hoje, presente em 3.757 municípios, acompanha 1.815.572 crianças menores de seis anos. Três atividades são realizadas mensalmente para multiplicar o saber e a solidariedade: a visita domiciliar às famílias, o Dia do Peso, que é chamado Dia da Celebração da Vida e a Reunião de Reflexão e Avaliação.

As soluções para evitar a morte de crianças podem ser encontradas na família, na comunidade, no serviço de saúde ou a partir da formulação de políticas públicas de saúde nos Conselhos. Pode ser também a soma de esforços intersetoriais de governo e sociedades. Cada localidade tem o poder de descobrir e prevenir as causas pelas quais adoecem ou morrem as crianças, e assim diminuir o sofrimento humano.

Com espírito de amor à saúde pública, a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo desenvolveu este oportuno livro sobre os cuidados com os bebês prematuros, suprindo a lacuna existente pela falta de material educativo para as famílias, com linguagem adequada, de fácil compreensão. Esta 2º edição, com distribuição gratuita, contempla com propriedade as orientações de apoio aos pais. O material é rico em informação, e será útil, não somente à família dos bebês prematuros, mas também para os capacitadores e profissionais de saúde, que juntos podem propiciar melhor qualidade de vida para as crianças.

 

Dra. Zilda Arns Neumann
Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança
Representante Titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde

 

Você está aqui: