Desnutrição do bebê no útero - Doenças que podem se desenvolver na adolescência ou na vida adulta

Doenças que iniciam nos 1000 dias

Garantir um desenvolvimento pleno e saudável durante os primeiros 1000 dias pode estimular uma vida com a mesma qualidade depois de adulto. Por isso, a preocupação começa com a mãe, para que ela esteja saudável desde o início da gravidez. Algumas doenças maternas também podem ocasionar nascimentos prematuros e aumentar a incidência de abortos espontâneos.

Pesquisas realizadas com crianças, do nascimento aos 14 anos, comprovaram, por exemplo, que bebês que mamaram no peito chegavam à adolescência com menos hipertensão arterial, diabetes e obesidade. O estudo demonstrou ainda o efeito dose-resposta: quanto mais aleitamento materno, menos as pessoas vão ter essas doenças. Conheça algumas doenças que podem se desenvolver em adultos e que iniciam ainda na gestação. 

Doença cardíaca coronariana

Bebês com baixo peso ao nascer apresentam maior risco de desenvolvimento de doenças que afetam os vasos sanguíneos do coração na vida adulta. Pensava-se que o coração nunca era sacrificado durante a vida intrauterina, entretanto essa proteção é limitada e o coração, a partir de um momento, passa a sofrer os efeitos da má nutrição.
A nutrição da mãe molda a placenta e a placenta molda o coração do bebê. Quanto maior o tamanho (área) da placenta, melhor será para o coração do bebê. A desnutrição dentro do útero apressa a maturação da criança, o que pode causar um nascimento antes do tempo. Nestes casos, o coração do bebê possui menor quantidade de células e isto pode afetar o funcionamento adequado do órgão na idade adulta.


Colesterol alto

Quando ocorre desnutrição no útero, o crescimento do fígado também é comprometido, prejudicando seu funcionamento. Na vida adulta, o alto colesterol sanguíneo pode ser resultado do pobre crescimento do fígado durante a gestação. Com a medida do tamanho do fígado ao nascer, pode-se prever o colesterol sanguíneo que o bebê terá quando completar 60 anos.

Diabetes tipo 2

Este tipo de diabetes é conhecido como diabetes do adulto. Neste caso, o organismo produz insulina, mas algumas células do organismo não a reconhecem, e com isso aumenta o nível de açúcar no sangue. Isto é chamado na medicina de "resistência à insulina".
Antes do nascimento, é a insulina que comanda o crescimento do bebê. A sensibilidade à insulina é estabelecida no útero: pessoas que foram pequenas ao nascer têm mais resistência à insulina que as pessoas que nasceram com bom peso. Ou seja, quem nasceu com baixo peso tem mais chance de ser um adulto com diabetes. Isto acontece para preservar o cérebro do bebê durante a gestação, já que os demais órgãos abrem mão de parte de seus nutrientes para destinar ao cérebro, prioritário no desenvolvimento do bebê.
Estudos afirmam que quanto mais desnutrida é uma criança aos 2 anos, maior a chance dela ter diabetes na idade adulta.

Obesidade

O bebê que não recebe nutrientes suficientes enquanto ainda está no útero, apresenta modificações em seu metabolismo e acaba com o organismo adaptado para poder sobreviver a essa condição de falta de alimentos, ele se torna um “organismo poupador”. Por conta disso, após o nascimento, quando essas crianças têm acesso à alimentação, a tendência do organismo é armazenar, provocando o excesso de peso ainda na infância. Uma criança que ganhou pouco peso na infância e estava desnutrida aos 2 anos tem maior risco de se tornar obesa mais tarde.

Hipertensão arterial

A placenta é responsável por levar os nutrientes da mãe para o bebê através do sangue que passa pelo cordão umbilical. A pressão sanguínea é fundamental para que o sangue flua livremente pela placenta, garantindo boa nutrição ao bebê. A desnutrição no útero pode prejudicar o desenvolvimento da placenta. Mulheres com placentas pequenas têm vasos sanguíneos mais estreitos, por isso, é preciso uma maior pressão para manter o fluxo adequado de nutrientes e oxigênio para o bebê.  Depois do nascimento, estes bebês - que costumam nascer com baixo peso - continuam a ter maiores pressões sanguíneas. Logo, pessoas que nasceram com baixo peso, têm mais chance de ter hipertensão arterial quando adultas.
De acordo com estudos, os bebês nascidos com baixo peso têm duas vezes mais chance de ter pressão alta na vida adulta.

Doenças renais

Crianças que nascem com baixo peso têm três vezes menos células nos rins comparados aos bebês que nasceram com peso normal. Isso faz com que cada célula do rim trabalhe mais. E que as células cansem e morram, gerando mais trabalho para as outras células do rim, que cansam e também morrem. Com isso, o rim passa a não dar conta de sua função e a pressão sobe (hipertensão arterial). E a pressão alta prejudica ainda mais os rins.
Osteoporose
Bebês pequenos têm menos cálcio nos ossos (menor massa óssea). Também têm menos músculos, devido à alteração em dois hormônios: cortisol e o GH, o hormônio do crescimento. Estes problemas levam a uma menor reserva de massa óssea e a uma perda mais rápida no processo de envelhecimento. Com isso, acontece a osteoporose.

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