“Devemos estar ao lado dos pobres, ser defensor dos direitos humanos e da justiça social.”
(Dom Paulo Evaristo Arns)
Dra. Zilda Arns Neumann viveu para defender e promover as crianças, gestantes e idosos, construir uma sociedade mais justa, fraterna, com mais atenção às famílias, menos doenças, mais atenção na promoção da paz, buscando em tudo o lado mais positivo da vida.
Em seu trabalho, sempre aliou o conhecimento científico ao conhecimento e à cultura popular; empoderou mulheres pobres e líderes comunitárias para valorizar seu papel de mulher, levando conhecimento e orientações às gestantes e às famílias, na transformação social.
Dra. Zilda foi médica, pediatra e sanitarista, esposa dedicada e mãe amorosa. Desde sua juventude, pertenceu à ordem terceira franciscana secular, de São Francisco de Assis, que inspirou em seu coração o amor pelos mais vulneráveis do seu tempo. Trabalhou de forma interdisciplinar nas áreas de saúde, educação, nutrição e cidadania, desde o ventre materno até os seis anos de idade. Atuou na prevenção da violência no ambiente familiar, envolvendo necessariamente as famílias e comunidades.
Além de contribuir na organização e sistematização deste trabalho nas bases, teve o papel de motivar os voluntários, fortalecendo-os na missão e na expansão da Pastoral da Criança no Brasil e em outros países.
Os valores com os quais ela se guiava eram: o amor pela Pastoral da Criança; a necessidade de perseverar na missão, a ética, a cidadania; e o valor profundo pela vida, como dom de Deus. Sua ação partia da prática de Jesus: a multiplicação dos pães e dos peixes. Ela dizia que com cinco pães e dois peixes na multiplicação, todos comeram e ficaram saciados. Toda ação evangelizadora da Pastoral da Criança foi fundamentada na multiplicação do saber, da solidariedade e de esforços para agir com boa vontade e generosidade para com o próximo, em vista do bem comum.
Como fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, Dra. Zilda Arns Neumann, sempre foi aberta às inovações de seu tempo. Em tudo ficou atenta e sempre foi adepta das tecnologias que poderiam ajudar as bases. Ela dava muita importância ao uso de computadores, tanto é que a Pastoral da Criança teve computador antes mesmo da CNBB, para poder avaliar sua ação, especialmente através das Folhas de Acompanhamentos das Ações Básicas (FABS). Assim como priorizou as vacinas para crianças e gestantes e muito trabalho para que todos tivessem acesso, além de oferecer o soro caseiro, como uma forma simples de salvar muitas vidas.
Hoje, certamente, ela seria uma grande entusiasta do uso do aplicativo Visita Domiciliar e Nutrição e incentiva os líderes a usar, porque, além de auxiliar nas visitas domiciliares e no acompanhamento nutricional das crianças, os conteúdos das e-capacitações estão muito bem elaborados e divididos por tópicos, abordam temas importantes e propõem uma série de atividades para as crianças e suas famílias.
O legado que a Dra. Zilda deixa de acreditar no potencial e capacidade das famílias de cuidar de suas crianças e que devemos apoiá-las para cumprirem bem essa missão. Ainda hoje, “há muito o que se fazer, porque a desigualdade social é grande. Os esforços que estão sendo feitos precisam ser valorizados para que gerem outros ainda maiores”, como recorda Dra. Zilda Arns Neumann.
Sua morte aconteceu no dia 12 de janeiro de 2010, durante o terremoto que devastou o Haiti. Neste mesmo dia, ela discursou sobre como salvar vidas com medidas simples, educativas e preventivas. Fez o que sempre falou: congregar mais pessoas para se unirem na busca de “vida em abundância” para crianças e gestantes, especialmente as mais pobres do Reino de Jesus.
Ir. Veroni Teresinha de Medeiros
Área Técnica de Desenvolvimento Infantil
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