O medo, segundo especialistas em psicologia, é uma reação emocional, tal como a alegria, a raiva. É uma resposta do nosso organismo a tudo que nos ponha em risco ou que possa parecer um risco. Ele nos permite evitar situações de real perigo que possam comprometer nossa integridade ou bem-estar. Todos nós sentimos medo e precisamos aprender a lidar com esse sentimento. E saber usá-lo a nosso favor.
Apesar de ser um sentimento que todo mundo tem, nem sempre é fácil lidar corretamente com o medo das crianças, inclusive porque boa parte desses temores tem origem na imaginação delas. Os pais devem encarar o medo infantil como algo que faz parte da natureza das pessoas e que tem seu lado saudável. Mas encarar como natural não significa ignorar. É preciso prestar atenção para perceber o que está provocando a sensação de ameaça. Como a criança pequena muitas vezes não consegue ainda discernir a realidade da fantasia, é preciso escutar a criança, respeitar sua angústia. Mesmo que o risco seja imaginário, o sentimento da criança é real, e suas causas precisam ser investigadas.
Os medos mais comuns das crianças
Os medos que vemos ser mais comuns nas nossas crianças de até seis anos, podem começar desde bebezinho. Muitos estudiosos classificam como medo quando o bebê se assusta com estímulos intensos e abruptos, como barulhos e movimentos fortes.
A partir de cinco, seis meses, é muito comum os bebês mostrarem receio pela aproximação de pessoas que não conhecem e lugares novos. E isso é bom, porque mostra que o bebê já sabe fazer diferenças.
O bebê também tem medo de perder a mãe, pois ainda está entendendo que ela some, mas volta. Por isso eles gostam tanto de brincar de ver uma pessoa ou objeto sumir e reaparecer.
Crianças de dois a três anos geralmente apresentam medo de animais.
O medo de escuro também começa a aparecer mais e pode se intensificar com a idade, se as crianças não forem ajudadas a superá-lo. Para a criança, na escuridão podem surgir monstros, bruxas, fantasmas e outros seres assustadores, que fazem parte da sua imaginação.
A falta de atenção e de conforto, nos momentos em que a criança fica receosa, aumentam o medo e podem gerar insegurança nela.
Mas sentir medo também pode ser algo útil, pois protege a criança ou o adulto de situações realmente perigosas. É importante que os pais estabeleçam limites e orientem os filhos sobre coisas que representem riscos à sua segurança, como escadas, janelas, tomadas elétricas, fogo, piscinas, o trânsito das ruas.
É bom explicar à criança que o medo que ela sente de certas situações é útil, pois faz com que ela identifique uma situação de risco, a fim de evitar ou se proteger dela. Os pais devem ter sempre em mente que a curiosidade própria da idade faz a criança pequena se envolver em situações perigosas, então precisam estar sempre alertas para evitar que ela se machuque.
Educar sem medo
No entanto, o medo não deve ser usado para controlar as crianças. A criança educada pelo medo para obedecer, geralmente se torna insegura ou pode até ficar totalmente irresponsável, não sabendo se proteger do que realmente precisa, correndo riscos desnecessários. Os pais não devem criar temores de origem fantasiosa nos filhos para convencê-los a obedecer, como por exemplo, dizer que o bicho-papão ou a bruxa vai pegá-los. Essas ameaças tendem a criar uma ansiedade desnecessária nas crianças. Amedrontar pode parecer funcionar em certos momentos em que os pais se vêem apertados a não deixar a criança fazer determinada coisa, mas esse é um efeito passageiro e nada educativo.
Afastar e ensinar a criança a se defender de situações perigosas sem amedrontá-la, sem violência, de acordo com a capacidade de entendimento que ela tem, tem demonstrado ser o melhor caminho. A educação tem como meta preparar para a autonomia e isso requer que a criança vá aprendendo a ter responsabilidade pelos seus atos. E isso não se faz pelo medo, mas sim pelo ensinamento sobre os perigos e a proteção em relação a riscos.
Foto: AKARAKINGDOMS
Leia também
Medos infantis, saiba como ajudar seu filho
Crianças e atitudes construtivas