Por ser o brincar uma necessidade para o desenvolvimento infantil essa atividade é considerada um direito da criança.
Embora a legislação brasileira garanta esses direitos é de fundamental importância o nosso compromisso com o desenvolvimento integral das crianças. As brincadeiras favorecem o desenvolvimento das habilidades motoras, cognitivas, afetivas, sociais, emocionais, fortalece o vínculo afetivo familiar, desenvolvem a linguagem, a criatividade a imaginação. Além disso, ao escolher suas brincadeiras está construindo autonomia e desenvolvendo habilidades de pensar, planejar, comparar, separar e ainda negociar outras alternativas.
Promover e defender a brincadeira da criança
A cada dia, diminuem os espaços e momentos para as crianças brincarem juntas, com liberdade. As transformações da sociedade, principalmente nas grandes cidades, com a diminuição de espaços públicos de lazer e a insegurança nas ruas que impedem o brincar nas calçadas, praças e parques; as moradias das famílias, principalmente as mais pobres, cada vez menores e com precárias condições de habitação; a televisão que ocupa um tempo cada vez maior nas atividades das crianças; a necessidade de os pais se ausentarem para o trabalho por longos períodos impedindo que convivam mais com seus filhos são alguns dos motivos que impedem que as crianças tenham melhores oportunidades de brincar.
Locais na comunidade como praças, parques, jardins e calçadas são espaços públicos privilegiados para as brincadeiras das crianças, e estão cada vez mais ausentes de nossas cidades. As brincadeiras nesses locais oferecem à criança momentos de participação livre e ativa onde ela tem oportunidade de tomar iniciativa, viver situações que ela mesma escolhe, como por exemplo: pular obstáculos, subir em árvores e assim participar dos riscos e aventuras contidos nessas brincadeiras.
Em um parque ou praça podem brincar crianças de diferentes classes sociais, podendo ser vivenciadas diferenças de todo tipo que são a base da constituição da nossa sociedade. Nessas brincadeiras a criança pode compreender seu lugar no grupo, na medida em que percebe as habilidades e a força das outras crianças e as suas próprias capacidades. Quando se relacionam livremente, as crianças experimentam situações de vida: de competição, de cooperação, de medo, de coragem, ou seja, se socializam. A inexistência desses espaços faz com que a criança fique privada de vivências ricas e estimulantes que são significativas para ela e, por isso, promovem seu desenvolvimento.
É do brincar que tem como característica fundamental a livre escolha da criança que estamos falando.
Com “livre escolha” estamos querendo dizer que é a criança quem escolhe quando, com o quê, com quem e como quer brincar. É por meio dessas escolhas que a criança, desde bem pequena, começa a exercitar o que chamamos de autonomia. Isso é, além de ir aprendendo a fazer as coisas por conta própria, a criança vai se tornando capaz de decidir o que é melhor para ela em determinados momentos, vai aprendendo a julgar o que gosta e o que não gosta de fazer. Isso contribui na sua formação para ser um cidadão crítico e consciente do que faz. Também favorece sua auto-estima, pois quando uma brincadeira lhe causa medo ou ela não se considera capaz, a criança pode escolher não brincar. A brincadeira é a única hora em que quem comanda a atividade é a criança. Ela é que escolhe se quer ou não brincar. Não é como na hora de comer, de dormir, de tomar banho em que ela tem que obedecer ao adulto.
As crianças precisam de estímulos, orientações e palavras positivas dos pais e das pessoas da família. Isso é muito importante na construção de uma elevada autoestima.
Pesquisas científicas mostram que o afeto, o cuidado e palavras positivas na relação familiar tem grande impacto no desenvolvimento integral das crianças e na vida futura. Cuidar da boa convivência favorece a autoestima, alegria e a empatia. As crianças que recebem afeto e atenção no período da primeira infância têm mais condições de lidar com situações estressantes, constroem relacionamentos mais saudáveis, contam com mais autoestima e possuem melhores condições de aprendizagens.
Dizer que a criança deve brincar livremente não quer dizer que ela vai desrespeitar os limites colocados pelos adultos e sim lidar com eles de outra forma. Por exemplo: ela quer mexer na televisão e a mãe não deixa. Então ela brinca que está ligando e desligando “sua televisão”, que é uma caixa que ela chama de televisão. Nas brincadeiras infantis também estão presentes as regras, estejam elas apresentadas claramente ou não. Por exemplo, ao brincar de “mãe e filha” a criança que faz o papel de mãe tem que ter as atitudes de uma mãe; a que faz o papel de filha, as de uma filha; ou seja, as regras desses comportamentos estão presentes na brincadeira, só que não são ditas claramente. Já na brincadeira de “amarelinha” as regras estão claras: tem que pular num pé só, não pode pisar na linha. Portanto, não existe brincadeira sem regra.
Mas, mesmo possuindo regras, a brincadeira é um espaço de experiências, de liberdade, na qual a criança pode ter certos comportamentos sem medo da censura do adulto. Por exemplo, ela pode imaginar que está mexendo na bicicleta do pai para consertar e depois vai andar nela na rua, ou pode construir uma casa que não tem portas ou janelas porque ela sabe entrar pelas paredes.
A brincadeira livre da criança é muito importante para o desenvolvimento infantil. Além disso, o brincar com os pais, pessoas da família, vizinhos permitem o resgate de brincadeiras que eles faziam quando crianças, promovem a valorização da cultura e da identidade da comunidade, aproximam as pessoas, reforçam sua auto-estima.
Pela necessidade que as crianças têm de brincar é preciso criar sempre oportunidades em casa e na comunidade para que elas possam brincar livremente e, em especial, junto com os pais, irmãos ou outras crianças da comunidade.
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