Início: A Pastorral da Criança, em 1985, iniciou o trabalho de "Alimentação Alternativa". Já na introdução do livro Alimentação Alternativa, publicado em 1988, a Dra. Clara Takaki Brandão estabelecia que "somente através de uma combinação, a mais diversificada possível - a MULTIMISTURA - se conseguia aproveitar toda a potencialidade nutrituva dos alimentos".O conceito da Multimistura era: "a qualidade é dada pela variedade", ou seja, "é mais nutritivo usar menor quantidade e maior variedade, que muita quantidade e pouca variedade".
Conceito original: a multimistura deveria ser composta por alimentos (1) regionais, (2) de alto valor nutritivo, (3) de fácil preparo e (4) bom paladar. A multimistura se baseava na adição de farinhas, farelos, sementes, frutas e folhas ccruas aos alimentos regionais. Após o preparo do alimento, era acrescentada generosa quantidade de óleo para aumentar a capacidade de recuperação de desnutridos. Com o passar do tempo houve certa pressão, até da comunidade científica, para padronizar a multimistura. Durante esse processo, infelizmente, a multimistura acabou sendo minimizada no que na Pastoral da Criança chama de tetra mistura ou multimistura de pós, composta com quatro ingredientes: farelo de arroz, farelo de trigo, pó da casca de ovo e folha de mandioca.
Fábricas: Depois de um tempo, houve a criação de fábricas de multimistura. A Pastoral da Criança é contra essas fábricas, porque na fábrica não se aproveita os alimentos produzidos na própria comunidade e o acesso às fábricas é limitado, ou seja, as mães não podem entrar, então não aprendem como podem melhorar a alimentação da família com aquilo que elas tem em casa.
Vendas: Simultaneamente teve início o comércio da multimistura, que não é o que a Pastoral da Criança faz, trabalhamos com orientação para a autonomia das famílias. Claro que todo mundo tem a liberdade de ser empreendedor, mas o uso do nome e logomarca da Pastoral da Criança é proibido em produtos a serem comercializados.
Evidência Científica: Em 2002 foi realizado um estudo em Pelotas, no Rio Grande do Sul, que avaliou o uso da multimistura de farelos na alimentação das crianças de creches da cidade*.
A Coordenação Nacional da Pastoral da Criança interpreta os dados da pesquisa da seguinte forma: 
  • A multimistura de farelos (tetra mistura) não promove o crescimento de crianças nutridas.
  • Como não havia crianças desnutridas no estudo, não é possível afirmar, por esta pesquisa, se o farelo funciona ou não para crianças desnutridas. 
  • A multimistura de farelos não funciona para crianças com anemia e, portanto, não deve ser utilizada com esta intenção. 
Posição da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança: Atualmente a Pastoral da Criança trabalha a alimentação saudável por meio do aproveitamento integral dos alimentos, consumo de alimentos regionais, e cultivo de hortas caseiras. A produção de multimistura, quando necessário, deve ser em nível comunitário, com envolvimento das mães e não em fábricas.

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