Alguns fatores principais são responsáveis pelo nascimento de bebês de baixo peso, aqueles que nascem com menos de 2500g e no tempo adequado de gestação. Dentre eles podemos citar a fome materna, a pressão alta, diabetes, anemia, infecções na gestante, o uso de cigarro e drogas durante a gestação, a mulher ter filhos depois dos 28 anos de idade: também há maior risco de nascimento de bebês prematuros. Programar cesariana sem necessidade: além do risco de baixo peso, crianças nascidas duas semanas antes da hora, por exemplo, têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos. As cesarianas acarretam quatro vezes mais infecção no pós-parto e três vezes mais doenças e mortes maternas.
O nascimento de bebês pequenos preocupa: o baixo peso é sinal de problemas no desenvolvimento do feto dentro do útero, com prejuízo para a formação dos órgãos e a possibilidade de aparecimento, no futuro, de doenças crônicas, como hipertensão, obesidade, diabete e osteoporose.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2009, as doenças crônicas não transmissíveis foram responsáveis por 72% das mortes no país.
“A relação entre o peso ao nascer e as doenças crônicas, hipótese levantada pelo epidemiologista inglês David Barker, é o que existe de mais moderno nas descobertas da medicina fetal. Uma das maneiras de combater essas doenças é evitar que as crianças nasçam com menos de 2,5 quilos”, observa o obstetra e presidente da Comissão de Medicina Fetal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Eduardo Sérgio Borges da Fonseca. Dentro do útero, o metabolismo de um feto com restrição de desenvolvimento se programa para enfrentar adversidades:seu organismo passa a economizar energia e desacelera o crescimento, pois o bebê não apresenta reservas suficientes. Assim, os esforços do feto são direcionados para manter o funcionamento das glândulassuprarrenais e de órgãos vitais, como o cérebro e o coração – os demais órgãos, como rins e fígado, por não se desenvolverem plenamente, podem ter suas funções comprometidas.
Todos os nutrientes são utilizados para que o bebê se mantenha vivo. Assim, ele não consegue crescer e ganhar peso. Mesmo depois de adulto, seu organismo vai estar programado para viver em situações de energia restrita, o que afeta o metabolismo de gorduras e pode acarretar diabete e obesidade”, explica a professora Regina Vieira Cavalcanti, do departamento de Pediatria do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Nesse período de 1000 dias de vida, é definido como o metabolismo vai controlar a diabete e a pressão para o resto da vida”, observa Neumann. 
Os dois primeiros anos de vida são importantes porque consistem em uma das fases mais rápidas do crescimento humano. 
Para recuperar o peso e a altura de um bebê nascido com menos de 2,5 quilos, não é preciso realizar intervenções médicas complexas. “Ele vai precisar de mais atenção no aleitamento materno e da garantia de uma alimentação sem problemas, com retornos mais precoces ao pediatra e acompanhamento do peso”, observa a professora Regina Vieira Cavalcanti, da UFPR.
Porém, ainda que os pais fiquem ansiosos e preocupados diante de um bebê magro, o ganho rápido de peso nesse período deve ser evitado, pois está relacionado ao desenvolvimento de hipertensão, diabete e problemas coronários. “As pessoas estão muito apegadas à imagem do “bebê johnson”, gordinho. Cabe ao médico incentivar uma dieta parcimoniosa, com aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, sem qualquer tipo de complementação alimentar”, diz o obstetra Eduardo Borges da Fonseca.
Mãe não precisa comer por dois
Durante a gestação, a mãe é a única fonte de alimento para o bebê, mas não é preciso comer por dois para garantir o desenvolvimento da criança. “O excesso de peso pode acarretar o desenvolvimento de diabete gestacional e problemas de oxigenação cerebral para o bebê. A gestante obesa tem dificuldades de contração no parto normal e a cesárea é delicada devido à dificuldade de cicatrização”, explica a especialista em nutrição materno-infantil e coordenadora do curso de Nutrição das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), Cynthia Passoni. Segundo ela, o consumo de nutrientes por uma gestante deve ser 15% a 30% maior nos nove meses de gravidez. O ideal é comer de três em três horas, para que a mãe e o feto recebam nutrientes de forma constante. No entanto, mesmo uma alimentação equilibrada não fornece todos os nutrientes necessários para o bebê. “A complementação da dieta é feita com ácido fólico, para a formação do tubo neural do bebê, e ferro, para a manutenção da imunidade e prevenção da anemia”, observa  Cynthia. De acordo com a nutricionista Cynthia Passoni, da UniBrasil, um bebê deve ter no máximo 4 quilos. Recém-nascidos acima desse peso são considerados gigantes ou macrossômicos e também têm risco maior de desenvolver doenças crônicas ao longo da vida. O excesso de peso pode acarretar ainda problemas de oxigenação cerebral para o bebê.
Causas
O baixo peso está diretamente relacionado ao comportamento e às doenças da mãe, assim como às decisões maternas e médicas:
  • Cesáreas eletivas: A realização do parto antes do tempo prejudica o desenvolvimento pleno do bebê, que ganha cerca de um quilo nos últimos dois meses de gestação;
  • Mãe adolescente ou acima dos 35: Na primeira, o organismo precisa dividir a energia recebida entre a gestante em fase de crescimento e o bebê; na segunda, o corpo está mais debilitado para gerar a criança;
  • Mãe fumante: O fumo prejudica a circulação sanguínea na placenta – responsável pelas trocas gasosas e nutricionais entre mãe e bebê – e estreita o cordão umbilical para proteger o feto das substâncias tóxicas do cigarro. Isso faz com que o feto receba menos nutrientes;
  • Doenças: Hipertensão, diabete e problemas renais e cardíacos danificam a placenta e dificultam a nutrição da criança;
  • Dieta pobre em nutrientes: A dificuldade de acesso à comida ou a tentativa de evitar o ganho de peso na gestação devido a apelos estéticos põem o bebê à falta de nutrientes e preparam o organismo da criança para viver em uma situação de energia restrita, o que pode levá-la ao desenvolvimento de obesidade.
Fontes: Nelson A. Neumann, coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança; Eduardo da Fonseca, presidente da comissão de medicina fetal da Febrasgo; Renato Procianoy, presidente do departamento de neonatologia da SBP, e Regina Cavalcanti, professora do departamento de pediatria do curso de Medicina da UFPR.

[Você está aqui:]