O trabalho na Pastoral da Criança impunha à Dra. Zilda uma grande rotina de viagens. Em suas passagens por cidades brasileiras e do exterior, buscava sempre conhecer ao máximo a realidade local, conversando com as lideranças da Pastoral mas também visitando as comunidades in loco. Além disso, procurava realizar contato com os governos locais na busca por sempre agregar novas parcerias. Esta sala expõem objetos, vídeos e textos que apresentam detalhes de algumas dessas viagens.
 “Poucas são as mulheres que encaram com naturalidade uma viagem Curitiba-Timor Leste nos moldes do périplo realizado pela médica e sanitarista, aos 66 anos de idade. À época, o Brasil ajudava a reconstrução da ex-colônia portuguesa devastada pela guerra, e a implantação da Pastoral da Criança fazia parte da empreitada. Embora integrasse a comitiva do presidente Fernando Henrique Cardoso, a Dra. Zilda partiu em voo comercial, enquanto a caravana oficial seguiu no avião presidencial.
Chegou para o embarque com uma bagagem de 90 quilos. Para uma viagem que a levaria a três continentes, seus pertences pessoais ocupavam apenas uma mala pequena. O restante do excesso de peso estava tomado por material didático, dez balanças de pesar crianças e mil colheres de medição do soro caseiro. Na bagagem de mão, acrescida de duas sacolas, a pediatra acomodou camisetas com o emblema da Pastoral e material de treinamento de parteiras leigas. 'Assim, pelo menos, garanti o serviço', explicou na volta. 'Eu quis levar o máximo possível comigo, porque a posteriori tudo seria mais complicado pela distância e difícil comunicação.'
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Na viagem de retorno, atravessou vários fusos horários e incluiu escalas com reuniões em Jacarta, na Indonésia e Cidade do Cabo, na África do Sul, até cruzar o Atlântico e pousar em Brasília - onde pegou a conexão para Curitiba. Ao todo, Zilda Arns ficou socada dentro de um avião três dias. Na manhã seguinte, uma quinta-feira, dava expediente na sede da entidade, no bairro de Mercês. E no fim de semana escreveu um relatório de dez páginas intitulado 'Memória da minha viagem ao Timor Leste na comitiva presidencial do senhor presidente da República Fernando Henrique Cardoso (18 a 24 de janeiro do ano 2001)'. Para quê? 'Ora, para que a memória seja guardada', respondeu, surpresa com pergunta tão óbvia.”
 Fragmento do texto “Fusão Invencível”, de Dorrit Harazim

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