João Paulo II afirmou que não se pode compreender bem uma pessoa senão a partir de seu interior. Dra. Zilda Arns Neumann escolheu a medicina como missão e enveredou pelo caminho da saúde pública.
O seu coração era carregado de doação ao próximo, como missão, com grande sensibilidade no trato com as pessoas, abrindo-se especialmente para a compreensão, paciência e atenção para com o mundo da criança.
Ela mesmo experimentou dramas familiares: a perda de um filho recém-nascido, o marido morrendo ao tentar salvar uma vida no mar; posteriormente a perda de uma filha, morta em acidente automobilístico deixando um filho aos cuidados da avó Zilda.
Tinha grande diálogo com os próprios filhos, consultando-os em momentos especiais de sua vida, mormente quando devia fazer viagens longas. A força dos próprios antepassados marcou também sua vida, sempre levados com carinho.
Lembro que ao longo da caminhada seguiu um crescendo de entusiasmo e qualificação de sua função. Sua sensibilidade a fez preocupar-se com as crianças em todo o Brasil e o no exterior, começando pela América Latina, estendendo-se pela África e em Timor Leste. Posso dizer que sua conversação com a família e amigos dedicava grande espaço à ação de seu trabalho.
Dra. Zilda Arns foi grande batalhadora, a incansável, quando queria uma coisa lutava até às últimas consequências para conseguir. Não media esforços nem sacrifícios para se doar em prol das crianças.
Falar de Dra. Zilda é falar de uma mulher forte, determinada, lutadora, de fé comprometida com a caridade, de amor e confiança no que fazia, certa de que este era o caminho certo.
Cardeal Geraldo Majella Agnelo
Arcebispo de São Salvador da Bahia
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