Zilda Arns nasceu em 25 de agosto de 1934 em uma família de imigrantes alemães, na cidade de Forquilhinha, Santa Catarina. Foi a décima segunda filha de treze irmãos, dos quais sete eram mulheres e seis homens.Aos 10 anos, tendo já concluído o primário, mudou-se junto a alguns dos irmãos para Curitiba, a fim de continuar seus estudos. De seus irmãos, nove se tornaram professores, dois engenheiros, um agricultor e apenas Zilda estudou medicina. A escolha da profissão se deu aos 16 anos, sob algum protesto do pai, que desejava que ela se tornasse professora. A inclinação à medicina teve grande influência da mãe, que, autodidata, ensinava às mães da vizinhança cuidados com os filhos e tratamentos para pequenas enfermidades.
A jovem catarinense ingressou na Universidade Federal do Paraná em 1953 para cursar medicina. Entre os aprovados estavam apenas seis mulheres, em uma turma de cento e vinte estudantes. Estagiou voluntariamente no hospital Nossa Senhora das Graças, no bairro Mercês, em Curitiba. Em seguida, passou a ser voluntária no Hospital de Crianças César Pernetta, onde permaneceu por cinco anos. Após a formatura em 1959, prestou concurso público e trabalhou por 6 anos como médica para a Secretária de Saúde do Estado do Paraná. Em 1965, assumiu a direção da rede de postos de saúde APMI Saza Lattes, que se expandia a vinte e uma comunidades, permanecendo no cargo por treze anos. Afastou-se em 197, quando seu marido faleceu, tendo sido alocada na Secretaria de Saúde, para trabalhar no planejamento. Em seguida, foi indicada pela Secretaria para coordenar o Ano Internacional da Criança, em 1979, promovido pela Unicef e pelo Ministério da Saúde. Na sequência, em 1980, trabalhou na campanha de vacinação Sabin, de combate a poliomielite, doença da qual havia começando uma epidemia, em União da Vitória, Paraná.
No ano de 1983, por pedido realizado pelo Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dra. Zilda Arns criou a Pastoral da Criança, junto a Dom Geraldo Majela Agnello, Cardeal Arcebispo Primaz de São Salvador da Bahia, que na época era arcebispo de Londrina-PR. Com a Pastoral da Criança, a Igreja Católica desejava diminuir a mortalidade infantil no Brasil, que alcançava índices alarmantes. Para isso, foi desenvolvida a metodologia comunitária de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre da multiplicação dos peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João (Jo 6, 1-15). O método foi primeiramente testado na cidade de Florestópolis-PR e depois expandida para todos os estados do Brasil e alguns países da África, América Latina e Ásia. A educação das mães por líderes comunitários capacitados revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças facilmente preveníveis e a marginalidade das crianças. Em 2004, Dra. Zilda recebeu outra missão semelhante, constituída de fundar, organizar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa.
Foi casada por dezoito anos com Aloysio Bruno Neumann, de quem ficou viúva em 1977. O casal teve seis filhos, tendo o primeiro morrido por trauma de parto. Os demais se chamaram Rubens Arns Neumann, Nelson Arns eumann, Heloisa Arns Neumann Stutz, Rogério Arns Neumann e Sílvia Arns Neumann ( falecida em 2003 ).
Pelo seu trabalho na área social, recebeu condecorações tais como: Woodrow Wilson, da Woodrow Wilson Fundation, em 2007; o Opus Prize, da Opus Prize Foundation (EUA), pelo inovador programa de saúde pública que ajuda a milhares de famílias carentes, em 2006; Heroína da Saúde Pública das Américas (OPAS/2002); 1.º Prêmio Direitos Humanos (USP/2000); Personalidade Brasileira de Destaque no Trabalho em Prol da Saúde da Criança (Unicef/1988); Prêmio Humanitário (Lions Club Internacional/1997); Prêmio Internacional em Administração Sanitária (OPAS/1994); títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Sul de Santa Catarina. Dra. Zilda também tornou-se Cidadã Honorária de dezenas de estados e municípios do Brasil; e foi homenageada por diversas outras instituições, universidades, governos e empresas, além de receber indicações ao Nobel da Paz.
Na sala do Memorial, estão expostos na parede 150 certificados e diplomas da Dra. Zilda Arns. No acervo está arquivado mais 80 documentos, devido a falta de espaço não foi possível colocar na exposição.
A médica faleceu em 12 de janeiro de 2010, na cidade de Porto Príncipe, Haiti, vítima de um terremoto que assolou o país. Na ocasião, estava em missão para a expansão da Pastoral da Criança Internacional. Sua morte teve grande repercussão e seu corpo foi enterrado em Curitiba, com a presença de personalidades públicas do país.
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