CDC afirma que 1 em cada 36 pessoas é autista

Documento do CDC de 2020 arma que 1 em cada 36 pessoas possui TEA e que o número de meninos é 4 vezes maior que o de meninas.

Em março de 2020, o CDC lançou um documento que atualiza a prevalência do Transtorno do Espectro Autista.


O que é o CDC?

É o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, sediada na Geórgia, e tem o objetivo de proteger o país das ameaças à saúde e à segurança, tanto no exterior quanto em território americano. 

Para isso, conduz pesquisas e fornece informações de saúde em diversas áreas. O CDC vem rastreando o número e as características de crianças com o espectro autista há mais de duas décadas em diversas comunidades americanas. As pesquisas são divulgadas a cada dois anos e se baseiam em dados coletados quatro anos antes da publicação. 

Mesmo que não seja brasileiro, o Brasil ainda usa os estudos do CDC como base, por não ter pesquisas concretas sobre a prevalência no país.


O que o novo documento do CDC aponta como mudanças no diagnóstico de pessoas com TEA? 


  •  Número de pessoas com o diagnóstico

A prevalência de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aumentou. Em 2004, o número divulgado pelo CDC era de que 1 pessoa em 166 tinham TEA. Em 2012, esse número estava em 1 em 88. Na última publicação do CDC, em 2018, esse número estava em 1 em 59. Nesta publicação de 2020, a prevalência está em 1 em 36. 

Ou seja, os dados divulgados atualmente mostram uma prevalência de 1 pessoa com autismo para cada 54 crianças de 8 anos, em 11 estados dos EUA, de acordo com dados coletados em 2016. A percentagem estimada de crianças de 8 anos identificadas com TEA foi, então, superior a estimativas anteriores. Aqui, nota-se duas possibilidades: ou o número de pessoas com o transtorno realmente aumentou, ou o número de diagnósticos aumentou. A maioria dos pesquisadores acredita na segunda afirmação, de que cada vez mais acontece o acesso ao diagnóstico por parte dos pacientes e o aumento da qualidade da informação por parte dos profissionais da saúde, aumentando assim o número de diagnósticos corretos.

  • A diferença entre os sexos

Na pesquisa atual, há o resultado de que para cada 1 menina com TEA, há 4 meninos com TEA. Ainda não há pesquisas concretas que expliquem esse predomínio no sexo masculino.

Um dos maiores destaques desse estudo foi que, pela primeira vez, não houve diferenças entre grupos étnicos ou socioeconômicos. Os dados atuais não encontraram diferença geral no número de crianças negras identificadas com autismo em comparação a crianças brancas. Tem-se, então, que o espectro autista é um transtorno que não difere etnias nem classes e abrange a todos igualmente. 

Alguns pesquisadores especulavam que a diferença entre etnias encontrada anteriormente poderia não ser real. Uma explicação possível se baseia no acesso à saúde. A diferença de prevalência anterior seria baseada em diferenças sociais, e não biológicas. Quando há a referência de que pessoas com melhores condições socioeconômicas têm um melhor acesso à saúde, tem-se um número de diagnósticos maior na população mais favorecida economicamente do que na menos favorecida.

Como os números atuais mostram que o TEA está presente em todas as etnias e classes econômicas, a especulação é de que os diagnósticos na população de renda mais baixa aumentaram, e não de que aumentaram as pessoas nascidas com TEA na população menos favorecida. Então, teríamos que agora o diagnóstico na população de menor poder econômico está realmente sendo feito. Portanto, espera-se que as opções de tratamento para o transtorno passem a atingir a população como um todo.

Mais crianças que nasceram em 2012 receberam um diagnóstico de TEA aos 4 anos de idade na comparação com crianças nascidas em 2008. Este é um ponto positivo. Além disso, no geral, constatou-se que a porcentagem de crianças com TEA que recebem sua primeira avaliação do desenvolvimento com 36 meses também cresceu. Das crianças de 4 anos com o transtorno, 74% delas receberam avaliação com 36 meses em 2014, enquanto em 2016 esse número subiu para 84%, mostrando um aumento de crianças avaliadas mais precocemente.

Ambos os dados corroboram com a análise de que o diagnóstico vem sendo feito mais precocemente. Citamos muitas vezes em nosso site que o diagnóstico precoce é algo muito importante para pessoas com TEA, pois quanto mais cedo se tem o diagnóstico, mais cedo se começa o tratamento. Ademais, quanto mais cedo o tratamento se iniciar, melhores serão os resultados. Ou seja, tratamentos precoces melhoram o prognóstico do transtorno, aumentando a probabilidade da pessoa com o espectro poder ser independente no futuro.

Por fim, deve-se pensar também nesse futuro. Com o aumento do número de diagnósticos, tem-se objetivamente um futuro aumento do número de adultos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Espera-se que o acesso ao tratamento se intensifique para que esses adultos tenham uma melhor qualidade de vida. Mas, mesmo que isso ocorra, ainda há a necessidade de pensar em mais intervenções voltadas a adultos e de modos de adaptações da sociedade como um todo para ocorrer uma melhor inserção da pessoa com TEA.

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