Transtorno Desintegrativo da Infância

O que também era considerado TEA até o DSM4? Transtorno Desintegrativo da Infância: o autismo tardio, distúrbio que costuma se manifestar após os 2 anos de idade.

Assim como no caso do Asperger, precisamos voltar ao Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM), que é a referência mundial na classificação e diagnóstico de distúrbios mentais. A quarta edição deste manual definia o autismo e o Transtorno Desintegrativo da Infância como condições diferentes dentro da categoria de Transtornos Gerais do Desenvolvimento. Com o lançamento da nova versão do manual em 2013, o cenário mudou.

O DSM-5 criou a classificação de Transtorno do Espectro Autista (TEA), que reúne o autismo, o Transtorno Desintegrativo da Infância, o Asperger e outras condições dentro de um mesmo diagnóstico. Em todos estes distúrbios, o paciente apresenta déficit na comunicação social ou interação social (como nas linguagens verbal ou não verbal e em reciprocidade socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais.

Mas então qual seria a diferença do que era chamado de Autismo e do Transtorno Desintegrativo da Infância?

Também conhecido como Síndrome de Heller, o Transtorno Desintegrativo da Infância se manifesta como uma regressão acentuada no desenvolvimento da criança com mais de dois anos de idade. 

Imagine o seguinte: uma mãe e um pai brincam de noite com seu filho, que fala e anda como qualquer criança de sua idade. Eles constroem um castelo e montam uma batalha travada na porta do castelo com vários bonecos. Chega a hora de dormir e o menino vai para a cama. Então, no dia seguinte, a criança acorda sem conseguir se comunicar direito, e apresenta redução das habilidades motoras (construir o castelo se torna difícil) e da capacidade de entender situações figuradas (como brincar de faz de conta e travar a batalha no castelo). 

O tempo da regressão do desenvolvimento pode variar, sendo abrupto ou mais lento de acordo com cada caso. Mas no geral, antes dos dez anos, a criança com Transtorno Desintegrativo da Infância perde as habilidades já adquiridas em pelo menos duas das seguintes áreas: linguagem (expressiva ou receptiva), habilidades sociais, comportamento adaptativo, controle esfincteriano, as habilidades motoras e habilidade para jogos e brincadeiras. Assim como nas outras condições que formam o TEA, as causas do Transtorno Desintegrativo ainda são desconhecidas e o tratamento inclui terapias comportamentais acompanhadas por uma equipe multidisciplinar.

Então, enquanto a diferença do autismo para o Asperger está na intensidade da manifestação do distúrbio, no caso do Transtorno Desintegrativo da Infância o diferencial é o momento de início da apresentação dos sintomas. No autismo, os primeiros sinais já poderiam ser visíveis antes dos 12 meses de idade. Por exemplo, o bebê não aponta com o dedinho, demonstra mais interesse nos objetos do que nas pessoas, não mantém contato visual e não olha quando é chamado.

Este começo tardio do Transtorno Desintegrativo da Infância, inclusive, foi usado como base da afirmação errônea de que vacinas causam autismo. Como a idade em que a regressão costuma acontecer é também a fase mais comum de vacinação das crianças, muitas famílias viram na coincidência destes fatores a causa real do TEA. No entanto, apesar do que sustentam os defensores do discurso anti-vacinação, muitas pesquisas científicas realizadas em diferentes países do mundo comprovaram que não há nenhuma relação entre o uso de vacinas e a probabilidade de uma criança desenvolver autismo.                               

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