O DSM5 e o CID11: os manuais que definem o TEA.
Quando se fala sobre o diagnóstico de autismo, geralmente se citam duas siglas, o DSM e o CID. Ambos são manuais que reúnem as classificações de doenças e são referências para profissionais de saúde em todo o mundo.
No âmbito da saúde mental, o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais) costuma ser o mais utilizado. As classificações são feitas com base inicial na Associação Americana de Psiquiatria e descreve categorias de transtornos mentais, com seus respectivos critérios diagnósticos. Existem cinco revisões para o DSM desde a ocorrência da sua primeira publicação, em 1952.
Lançada em 2013, a versão mais atual, o DSM-5, foi o primeiro documento oficial a redefinir o diagnóstico do autismo, criando o conceito do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A criação deste diagnóstico único veio após muita discussão entre pesquisadores, médicos e cuidadores de que diversos distúrbios – como o Autismo de Alto Funcionamento, Autismo Clássico, Autismo Infantil, Autismo Atípico, Síndrome de Asperger, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação e Transtorno Desintegrativo da Infância – na verdade compartilhavam de mesmos sintomas e se diferenciam apenas pela intensidade com que estes traços se apresentam em cada indivíduo.
Entretanto, o DSM não é o único manual que define o Transtorno do Espectro Autista (TEA), há também o CID. O DSM estabeleceu em 2013 que uma pessoa fazia parte do espectro autista caso apresentasse Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM 5, pessoas dentro do espectro podem apresentar dificuldade na comunicação social ou interação social (como nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade sócio emocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como estereotipias, movimentos contínuos, interesses fixos e pouco ou muita hipersensibilidade a estímulos sensoriais, sendo que essas características estão presentes desde o início da infância. Já o CID foi adotar esta classificação apenas em 2018.
A demora tem uma razão prática: enquanto o DSM se dedica aos transtornos mentais, o CID (sigla para Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) detalha definições de doenças e transtornos de todos os campos da saúde, sendo uma referência para médicos em todo o mundo. O CID é, por exemplo, usado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e os planos de saúde para organizar procedimentos e exames correspondentes a cada doença e condição.
Organizado pela Organização Mundial de Saúde, a última edição do CID levou mais de uma década para ser feita, recebendo mais de 10 mil propostas de revisão. Em 2018, o CID-11 foi apresentado de forma preliminar e passa a valer em todo o mundo a partir de 1º de janeiro de 2022.
Enquanto o CID-10, lançado em 1990, continha por volta de 14.400 códigos de lesões, doenças e causas de morte, o CID-11 conta com cerca de 55 mil códigos. Esta ampliação aconteceu para que o manual englobasse novos capítulos e classificações, ausentes na versão anterior, como medicina tradicional, saúde sexual, o transtorno dos jogos eletrônicos, entre outros.
Nesta atualização, então, o CID-11 se igualou ao DSM-5 adotando a classificação do Transtorno do Espectro Autista. Os códigos de Transtornos globais do desenvolvimento (F84), utilizados no CID-10, foram substituídos pelos do TEA (6A02). E seguindo a lógica dos níveis dentro do espectro, as subdivisões da condição passaram a ser definidas pela existência de prejuízos na linguagem funcional e de deficiência intelectual.
Desta forma, foi criado um consenso na comunidade médica e científica sobre o autismo, garantindo que pessoas dentro do espectro em todo mundo recebam diagnósticos e tratamentos baseados nos mesmos conceitos.
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