Como identificar e o que fazer se uma criança está submetida a trabalho forçado?

Infelizmente hoje temos muitas formas de trabalho infantil que ainda são aceitas socialmente. Crianças vendendo no farol, vigiando carros, engraxates, trabalhando nas roças, carvoarias, babás... Essa aceitação acaba tornando esse tipo de exploração invisível. Por isso é muito importante que nossas famílias e comunidades estejam muito atentas. Proteger e dar dignidade às crianças e adolescentes é um dever de todos nós. Precisamos que as comunidades despertem para serem comunidades protetivas e assim proteger as crianças e adolescentes de qualquer situação de negligência e exploração.

Ao suspeitar que uma criança esteja trabalhando veja com a família o que pode ser feito para que a criança deixe o trabalho infantil. Insista. Peça para a comunidade ajudar. Se isso tudo falhar, denuncie. Nem sempre o trabalho infantil é facilmente detectado pelas autoridades. O MPT tem um canal, o Disque 100, gratuito e anônimo, que encaminha os casos para a rede de proteção.

 

Desafio atual para os líderes comunitários e Conselheiros Tutelares

Perceber e enfrentar essas situações é um grande e novo desafio para as comunidades, com destaque para Conselheiros Tutelares e lideranças comunitárias, que têm maior proximidade com crianças e adolescentes de seus municípios e comunidades. Este deve ser comprometido com o enfrentamento de violências contra crianças e adolescentes nos mais distantes “cantões” do nosso território nacional. Uma situação que merece atenção especial é o caso de crianças e adolescentes que  são selecionados submetendo-se a tudo na esperança de virarem novos ídolos futebolísticos. O desafio maior é a aceitação do próprio atleta, da sua família e da sociedade como um todo que, mesmo com os avanços da ciência sobre a saúde, que demonstra os riscos desta atividade precoce (cujos treinamentos nem sempre orientados de acordo com profissionais formados para tal), colocam em risco a chegada do atleta ao sonhado profissionalismo.

Lideranças comunitárias e Conselheiros Tutelares podem ter maior visibilidade e controle de violações que vêm sendo noticiadas em matérias de jornalismo investigativo, sobre o campo esportivo das bases. São casos, por exemplo, de deslocamento e estadia de atletas para longe dos municípios onde residem suas famílias, permanecendo na companhia de pessoas sem vínculo familiar e tendo como grande motivação o investimento no atleta para lucros futuros – situação que fortalece outros tipos de violações, com destaque para os abusos sexuais. A vulnerabilidade, o risco e a grande aceitação deste tipo de profissionalização precoce demanda urgente reflexão, atenção e ações da sociedade como um todo para que se concretize a proteção de crianças e adolescentes, como ordena a lei.

Por isto, quando escutarmos a frase corriqueira “melhor que estar roubando”, temos que revidar com um “Não! Melhor estar estudando”. Ou seja, devemos buscar diminuir a desigualdade social para que estas crianças também vivam como aquelas que não precisam usar seus corpos precocemente, para alcançar uma situação econômica que atenda suas necessidades e desejos próprios, para além dos também idealizados pela própria família. Um sonho que, muitas vezes, pode se transformar em pesadelo pelas frustrações e equívocos, independente da violação ao Direito da Criança e do Adolescente”.

 

Fonte: https://www.pastoraldacrianca.org.br/trabalho-infantil/trabalho-infantil-e-violencia

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