Saúde Mental Materna

Por muitos anos acreditávamos que a gravidez protegia as mulheres do adoecimento de transtornos mentais, a mulher com seu bebê não adoeceria, pois estava no ápice de sua felicidade e realização, e não é que isso não seja algo incrível e maravilhoso. Mas o ciclo gravídico-puerperal classifica por si só fatores de risco desencadeantes para transtornos mentais.

É comum mulheres recém mães relatarem que no pós parto se sentiram invisibilizadas e solitárias com a atenção e cuidados voltados ao bebê, a perda de sua identidade e individualidade. Período que remete a construção de uma nova identidade, e elaboração do luto da mulher que já não se é mais, momento que pode gerar sentimentos contraditórios relacionados a sua maternidade (amor, ódio, alívio, medo, solidão, satisfação, decepção), e despertar o sentimento de culpa por não dar conta dos cuidados do bebê e o medo de nunca mais se encontrar, este período de tantas adaptações precisa de acolhimento, afeto e cuidado.

Naturaliza-se tanto o cansaço materno, que quando mulheres relatam estar cansadas, exaustas, sem paciência ou que em alguns momentos não estão sabendo lidar com a maternidade, já se quer, de imediato, ampará-las com falas do tipo vai passar, é assim mesmo, isso é só uma fase, e isto pode se levar a questionamentos: Por que às vezes é tão difícil ouvir uma mãe que se queixa? De fato passa, sim, de fato é fase, pode ser, mas com qual qualidade está passando? Pode ser uma necessidade de falar de si e do momento de solidão, da falta de espaço, das mudanças. E também pode ser depressão, e depressão tem tratamento, e é possível aos poucos retomar a uma vida com sentido e qualidade.

Vivemos hoje uma cultura de alta performance materna tendo diversas orientações e cobranças sobre o maternar. Precisando estimular, estar presente e ensinar constantemente, participar de todos os momentos. É uma pressão enorme para as mães/pais, que tentam equilibrar papéis, casamento, profissão.

Precisamos validar que podemos sim procurar por ajuda profissional. Até porque não cuidamos de ninguém se nos descuidamos, e a saúde mental materna importa.

Na Unidade Básica de Saúde você pode solicitar por atendimento psicológico e caso seja necessário este lhe encaminhará para uma avaliação psiquiátrica, ou se conseguir a consulta com este, ele pode lhe encaminhar a terapia. Existem profissionais e plataformas que realizam atendimentos de forma online, com valores sociais, além de paróquias que também tem projetos em atendimento psicológico com valor social, não deixe de procurar por ajuda profissional acredite este cuidado fará uma enorme diferença em sua vida.

 

O texto completo da Psicóloga Perinatal e Clínica, Bruna Fabre Dantas está disponível no link abaixo: 

https://docs.google.com/document/d/1lnAy4aebZCC9UcENE3vlaaLI4efvNe_9if3KjGlbymg/edit?usp=sharing

 

Líder, ao se deparar com uma gestante com sintomas depressivos, é importante que você tenha uma escuta e um direcionamento humanizado. Casos como esse são muito delicados, a escuta deve ser atenta e livre, para que essa mulher consiga encontrar conforto e compreensão. A depressão é algo sério e precisa ser tratado com a seriedade que pede, as palavras tem o poder de curar mas também de machucar ainda mais. 

Você como Líder, pode apresentar a ela algumas ferramentas relacionadas à prevenção, mostrando a importância do cuidado com a saúde mental e com ela mesma; respeitar os seus limites; ter momentos de qualidade; ter bons hábitos com relação à saúde, alimentação e corpo; realizar atividades que trazem alegria; ter uma rede de apoio com quem possa contar, não necessariamente à família, mas pessoas que a façam bem, dentre outras.

Você está aqui: