aleitamento materno bebê

Foto: Ariene Rodrigues

A Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno já na primeira hora de vida do bebê, de modo exclusivo e em livre demanda até o 6º mês, e estendido até os dois anos ou mais. Essa é também a orientação do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Mesmo assim, ainda há muitas dúvidas sobre o aleitamento materno, principalmente, quando aparecem as dificuldades. 

Para saber mais sobre os benefícios e as novidades dos estudos mais recentes, confira a entrevista com Regina Reinaldin, enfermeira da coordenação nacional da Pastoral da Criança e integrante do Comitê do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável (COAMACS), em Curitiba.

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida
1268 - 18/01/2016 - Aleitamento materno


Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

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Por que a Pastoral da Criança sempre fala que o aleitamento materno é muito importante para a saúde da mãe e do bebê?

Porque o leite materno é um alimento completo para o bebê. É o único alimento que ele precisa até os seis meses de idade. Protege o bebê contra doenças, como alergia, diarreia, resfriados, infecções urinárias e respiratórias. E, quando o bebê mama no seio, ele fortalece e desenvolve a musculatura da boca, melhorando a mastigação e a fala. Para a mãe, o ato de dar de mamar ajuda a diminuir o sangramento após o parto, fazendo com que o útero e o volume dos seios voltem ao tamanho normal. Além disso, o aleitamento materno aumenta o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.

O aleitamento materno ajuda também no desenvolvimento da linguagem, não é mesmo?

Sim. Estudos demonstram a importância do aleitamento materno no desenvolvimento e na construção da linguagem, do vocabulário, habilidades motoras e visuais.

Os médicos dizem que o aleitamento materno previne também o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade.

regina reinaldin enfermeira da pastoral da crianca

 Regina Reinaldin - Enfermeira da Pastoral da Criança

 É verdade. O aleitamento materno ajuda a proteger os bebês dos transtornos de déficit de atenção com hiperatividade, que são transtornos neurológicos de causas genéticas, que aparecem na infância. Alguns sintomas são: desatenção, inquietude, impulsividade.

Um estudo brasileiro associa a amamentação ao aumento da inteligência quando a criança ficar adulta. O que podemos destacar desta pesquisa?

Uma pesquisa feita no Brasil, com 3.500 recém-nascidos, revelou que aqueles bebês que foram amamentados por mais de um ano têm maior coeficiente de inteligência e, consequentemente, mais escolaridade e renda aos 30 anos, em relação àqueles que mamaram menos tempo.

Leia a entrevista na íntegra: 1268 - Entrevista com Regina Reinaldin - Aleitamento materno (.PDF)

 

aleitamento materno apos um ano

Foto: Ariene Rodrigues

Relação entre aleitamento materno, inteligência, nível de escolaridade e renda

A cada ano, são divulgados mais estudos sobre a importância do aleitamento materno e os primeiros mil dias de vida de cada criança. Um deles, mais recente, tem a participação do brasileiro Dr. Cesar Victora - especialista reconhecido internacionalmente, professor da Universidade Federal de Pelotas e parceiro da Pastoral da Criança. Confira abaixo um resumo deste estudo e o pdf com o artigo completo, em inglês.

Associação entre aleitamento materno e inteligência, nível de escolaridade e renda aos 30 anos de idade: um estudo prospectivo de coorte de nascimentos do Brasil

Cesar G. Victora, Bernardo Lessa Horta, Christian Loret de Mola, Luciana Quevedo, Ricardo Tavares Pinheiro, Denise P. Gigante, Helen Gonçalves, Fernando C. Barros

A amamentação tem incontestáveis benefícios a curto prazo, mas as suas consequências a longo prazo sobre o capital humano ainda serão determinados. O objetivo foi avaliar se a duração da amamentação se associa ao Quociente de Inteligência (QI), anos de escolaridade e renda com a idade de 30 anos, em um ambiente onde não existe fortes padrões sociais de aleitamento materno.

Um estudo prospectivo, de base populacional coorte de nascimento dos recém-nascidos foi lançado em 1982, em Pelotas, no sul do Brasil. Informações sobre o aleitamento materno foram registrados na primeira infância. Aos 30 anos de idade, estudou-se o QI (Escala de Inteligência Adulta Wechsler, versão 3, em versão livre), nível de escolaridade e renda dos participantes.

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Entre 4 de junho de 2012 e 28 de fevereiro de 2013, dos 5.914 neonatais inscritos, as informações sobre o QI e a duração da amamentação estavam disponíveis para 3.493 participantes. Nas análises brutas e ajustadas, as durações de amamentação total e aleitamento predominante (aleitamento materno como a principal forma de nutrição com outros alimentos) foram associados positivamente com QI, nível de escolaridade e renda. Foram identificamos associações de dose-resposta com a duração da amamentação para QI e nível de escolaridade. Na análise ajustada para fatores de confusão, os participantes que foram amamentadas durante 12 meses ou mais, apresentaram pontuações de QI mais altos (diferença de 3,76 pontos, 95% CI 2,20-5,33), mais anos de escolaridade (0,91 anos, 0,42-1,40), e renda mensal mais alta (R$341,00, 93,8-588,3) do que aqueles que foram amamentados por menos de 1 mês. Os resultados da análise média sugeriu que o QI foi responsável por 72% dos efeitos sobre a renda.

A amamentação está associada com um melhor desempenho em testes de inteligência 30 anos depois, e talvez tenha um efeito importante na vida real, por aumentar o nível educacional e a renda na vida adulta.