controle remotoO estabelecimento de uma rotina de atividades transmite segurança aos pequenos, pois há menor desgaste no atendimento de suas necessidades básicas e a criança já sabe o que esperar. Ela está ciente de que sua mãe irá buscá-la na saída da escola, por exemplo, ou que deve tomar banho antes de jantar. Entre os principais itens que compõem a rotina infantil estão: horários de refeição, de deitar, de estudar e brincar. Mas nem sempre as famílias conseguem sistematizar esses hábitos que parecem simples.

“Nas minhas visitas, eu tenho percebido que as crianças deixaram um pouco de ter horários. É raro. Só quando a Pastoral chega e conscientiza a mãe de que essa organização é importante”, observa Salete de Oliveira Silva, líder que hoje acompanha 12 crianças no município de Nova Odessa, que faz parte da Diocese de Limeira (SP).

Salete possui formação em Pedagogia e atua como professora do primeiro ano do ensino fundamental até o Ensino Médio, trabalhando com alfabetização com os pequenos e ministrando disciplinas de filosofia, história e geografia para os adolescentes. “Tenho alunos do Ensino Médio que eu conheço desde pequenininhos”, conta.

Hora de dormir

Tanto na sala de aula, quanto nas casas, um dos aspectos que vem chamando sua atenção são as demonstrações de sono. “As crianças, hoje, dormem mais tarde. Eles acompanham o pai e mãe nos programas de TV, ficam ali junto. Aí a gente chega na visita e pergunta: 'Por que você está com sono?'. 'É porque fui dormir tarde', os pequenininhos falam. Eles têm dormido menos, bem menos”, relata a professora.

Dra. Zilda

“Como é bom transmitir amor e alegria a todos, o mesmo amor que Jesus demonstra por cada um de nós”.

Papa Francisco

“A família permanece a unidade basilar da sociedade e a primeira escola onde as crianças aprendem os valores humanos, espirituais e morais que as tornam capazes de ser faróis de bondade, integridade e justiça nas nossas comunidades”.

No ano passado, durante uma visita na casa de João Pedro, hoje com 6 anos, o menino comentou sobre um mágico que fazia coisas engraçadas e apareceu em um programa de entrevistas que costuma ser veiculado no início da madrugada. “A criança esperava o pai dormir, depois ele vinha para a televisão, ver o que ele queria”, explica Salete.

Quando a líder conversou com os pais, moradores da comunidade de Santa Rita de Cássia, eles ficaram surpresos com a descoberta, pois sempre iam dormir muito cansados e não perceberam que o filho assistia TV escondido. “Com certeza, ele deixou a televisão em volume baixinho. As crianças hoje são diferentes. Ele assistiu um programa com um mágico. Mas e se fosse outra coisa? Os pais precisam prestar atenção nisso”. Com informação e carinho, aos poucos, vão acontecendo mudanças nos hábitos da casa. E isso é possível porque é na visita domicilar que se tem mais tempo para conhecer a família e saber quais são as orientações que elas necessitam.

Qualidade nas refeições

A partir da vivência na comunidade e das visitas domiciliares, Salete também nota que faltam hábitos mais saudáveis em relação à alimentação. “Uma coisa que eu tenho observado bastante é que, quando elas saem da creche, a mãe já passa em algum lugarzinho para comprar aquele salgadinho. Ao invés de chegar em casa, ter um almoço ou a jantinha pronta para a criança, ela cede. Deixa a criança comer aquele salgadinho com gostinho de isopor. Isso, nós temos conversado bastante com as mães”.

Como multiplicadora do Guia do Líder e capacitadora da ação de Hortas Caseiras, a líder sempre lembra da importância de ter qualidade nos momentos das refeições, não só a respeito do que compõe o prato, mas da convivência em família. “Olha, é tão gostoso, por exemplo, na Celebração da Vida, todo mundo comer junto. Em casa, muito mais! Porque em casa, você discute. A criança gosta quando a mãe e o pai se importam com ela, então conta como foi o dia, a gente vê isso. Mas, infelizmente, alguns pais têm deixado a criança no computador muito tempo... Porque a criança fica sem dar trabalho, é mais cômodo”.

Atualmente, é comum encontrar famílias em que tanto o pai quanto a mãe ficam mais tempo fora, com longas jornadas de trabalho. Em muitos casos, tentam compensar essa falta de tempo fazendo as vontades da criança, seja em relação aos alimentos que elas pedem, deixando jogar videogame, entre outras. “É um pouco fazer a vontade e outro pouco também porque a criança dá menos trabalho. Isso tem sido muito debatido na minha região. A gente tem falado, fazemos rodas de conversa. Quando vamos fazer capacitação com os líderes também a gente fala muito desse respeito, da importância da família, do tempo junto” - reflete Salete.

Rotina da casa

Enquanto ainda não tem discernimento para definir prioridades e organizar melhor seu tempo, a criança precisa de uma rotina, de uma orientação. Essa rotina não precisa ser tão rígida como costuma ser na escola, mas deve ser encarada pela família como uma maneira de ensinar e manter hábitos saudáveis.

“Lá na escolinha, até os bebezinhos no berçário, tem uma rotina. Em casa, não precisa ser aquela mesma. Mas a rotina é ainda maior, porque é de carinho, é de afeição, não só de horários de comer, sentar na mesa pra comer juntos. Não é só isso. É de atenção mesmo” - conclui Salete.

Foto: Graur Razvan Ionut

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